Perante uma sessão especial no parlamento do Sri Lanka, Wijewardene revelou hoje que "a investigação inicial revelou que isto foi cometido em retaliação aos ataques às mesquitas na Nova Zelândia".

Segundo o ministro da Defesa do Sri Lanka, o ataque foi realizado "pelo National Thowheeth Jama'ath, em conjunto com o JMI", referindo-se ao Jammiyathul Millathu Ibrahim, outro grupo islâmico militante.

O mais recente balanço dos atentados de domingo dá conta de 321 mortos e mais de 500 feridos, resultantes dos ataques levados a cabo por, pelo menos, sete bombistas suicidas no Sri Lanka em três igrejas cristãs e quatro hotéis.

A informação que Wijewardene comunicou ao parlamento do Sri Lanka surge depois de, segundo o The Guardian, uma nota de alerta ter circulado junto do governo cingalês semanas antes do ataque. Esta apontava para a atividade nas redes sociais de um dos suspeitos de se ter feito explodir no domingo, tendo começado a colocar "conteúdo extremista" no seu perfil depois dos tiroteios que vitimaram 50 pessoas e feriram outras 50 em duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia.

O ataque terrorista em Christchurch terá sido cometido pelo australiano Brenton Tarrant, supremacista branco de 28 anos com ligações a grupos de extrema-direita na Europa que reivindicou o ataque. Tarrant, que divulgou um manifesto anti-imigrantes de 74 páginas, transmitiu em direto na Internet o momento do ataque.

No entanto, dada a natureza sofisticada dos ataques no Sri Lanka, que requereram coordenação e preparação prévia dos bombistas, e o tipo de material utilizado, os investigadores crêem que o atentado deverá ter levado meses a preparar e que apenas terá ocorrido com ajuda internacional.

A investigação aos ataques tem levado as autoridades a centrar as suas atenções ao National Thowheeth Jama'ath, um grupo extremista islâmico local. Porém, não só a ligação a este grupo ainda não foi confirmada, nem esta organização reivindicou os ataques.

Hoje, terça-feira, foi declarado um dia de luto nacional no Sri Lanka, tendo a população feito durante a manhã três minutos de silêncio em homenagem aos mortos na série de atentados suicidas.

As bandeiras nacionais foram colocadas a meia-haste e as pessoas baixaram a cabeça quando começou o período de silêncio, às 08:30 locais (03:00 em Lisboa), à mesma hora em que ocorreram os ataques, há dois dias.

Na igreja de Santo Antônio de Colombo, palco do primeiro atentado na manhã de domingo, dezenas de pessoas rezaram em silêncio, com velas nas mãos e sob lágrimas. Ao fim dos três minutos de silêncio, a multidão passou a rezar em voz alta.

Entre as vítimas mortais das oito explosões de domingo está um português residente em Viseu.

A capital do país, Colombo, foi alvo de pelo menos cinco explosões no domingo de Páscoa, em quatro hotéis de luxo e uma igreja.

Duas outras igrejas foram também alvo de explosões, uma em Negombo, a norte da capital e onde há uma forte presença católica, e outra no leste do país. A oitava e última explosão teve lugar num complexo de vivendas na zona de Dermatagoda.

As primeiras seis explosões ocorreram "quase em simultâneo", pelas 08:45 de domingo (03:15 em Portugal), de acordo com fontes policiais citadas por agências internacionais.

*com agências