Facebook, Google e Twitter estão na mira do Congresso norte-americano, que investiga uma possível interferência russa na campanha que resultou na vitória do presidente Donald Trump, onde se acredita que as redes sociais foram usadas como plataforma para propaganda russa.

Representantes das três empresas devem comparecer em comissões parlamentares, nos próximos dois dias, para relatar o que descobriram sobre as possíveis ligações entre entidades russas e as suas mensagens nas redes sociais, incluindo vídeos no YouTube.

O Facebook indicou no início de outubro que quase 10 milhões de pessoas podem ter assistido aos anúncios divulgados por uma entidade russa — "Internet Research Agency" — que pareciam destinados a provocar a divisão e desconfiança.

De acordo com a inteligência norte-americana, Moscovo pagou a grupos de "trolls" (alguém ou entidade que faz publicações em tons de provação, de forma deliberada, em fóruns ou grupos, com o intuito de causar discórdia ou discussão) para difundir mensagens prejudiciais à candidata democrata Hillary Clinton e favoráveis ao republicano Trump.

De acordo com um relatório preparado pelo Facebook, o número de internautas norte-americanos que podem ter lido mensagens ou outro conteúdo de fontes russas poderá ter sido visto por 126 milhões de pessoas.

Até ao momento, aquela rede social não quis prestar declarações à agência AFP.

Na segunda-feira, pela primeira vez, a Google diz ter encontrado conteúdos similares, de acordo com um blog oficial. A empresa detectou que duas contas vinculadas à "Internet Research Agency" gastaram 4.700 dólares (aproximadamente 4.209 €) durante a eleição presidencial.

"Encontramos provas em que foram feitos esforços para abusar das nossas plataformas durante a eleição norte-americana de 2016 por atores ligados à Internet Research Agency na Rússia", escreveu o gigante tecnológico, que refere uma "atividade limitada" no seu motor de buscas e no YouTube.

No YouTube, o Google identificou 18 canais "possivelmente associados" com uma campanha que publicou 1.108 vídeos em inglês, cujo conteúdo parece ter ser teor político. Os vídeos acumularam 309.000 visualizações nos 18 meses anteriores às eleições.

Uma fonte da AFP, familiarizada com o documento que o Twitter vai apresentar no Congresso, terá dito que a plataforma identificou 36.746 contas (0,12% do total de contas daquela rede social) que "automaticamente geraram conteúdo relacionado com as eleições" nos três meses anteriores e que, ao que tudo indica, podem estar ligadas a uma conta russa.

Estas contas geraram aproximadamente 1,4 milhão de tuítes automáticos sobre as eleições, que receberam perto de 288 milhões de respostas dos eleitores.

A investigação ao alegado conluio entre a Rússia e a campanha do presidente norte-americano Donald Trump levou a que esta segunda-feira, Paul Manafort, o antigo chefe da campanha presidencial de Trump, fosse acusado de conspiração contra os Estados Unidos, lavagem de dinheiro e falsas declarações. No entanto, apesar das recentes notícias, Moscovo continua a negar qualquer tentativa de manipular as eleições americanas.