“O primeiro passo para solucionar um problema é percebê-lo. É isso que queremos construir com as nossas marcas: um programa que, numa fase inicial, permita identificar o impacto ambiental produzido e, numa segunda fase, definir as medidas de melhoria e otimização”, explicou à agência Lusa o presidente executivo e cofundador da HUUB, Luís Roque.

Referindo que a empresa gere atualmente “cerca de 70 marcas, na sua maioria insígnias ‘slow fashion’ com a sustentabilidade no seu ADN”, Luís Roque – que na quinta-feira apresenta na Web Summit o seu programa de transparência carbónica – diz que o objetivo é “ajudá-las a crescer e a ganhar escala, mas de uma forma sustentada e consciente”.

“Acima de tudo, queremos com isto criar um efeito de contágio positivo, que se estenda a toda a indústria da moda a médio prazo”, sustenta, consciente do peso da indústria da moda no ambiente (que ascende a cerca de 8% da pegada carbónica global e faz desta a segunda indústria mais poluidora do planeta) e pretendendo que a HUUB venha a “liderar um movimento de transparência e otimização da pegada carbónica” no setor.

A dois anos o objetivo é que, através de “um conjunto de análises e métricas centradas no impacto da cadeia de abastecimento e nas matérias-primas, as empresas cuja logística é gerida pela HUUB tenham visibilidade sobre cerca de 70% da sua pegada ecológica”.

Com sede na Maia, no distrito do Porto, a HUUB tem como ambição ser "a Amazon do mundo da moda", tendo para o efeito desenvolvido uma plataforma logística integrada totalmente dedicada à indústria da moda – designada ‘Spoke’ – que gere interações desde fornecedores a clientes finais em mais de 120 países.

Segundo Luís Roque, a empresa trabalha atualmente com “centenas de fornecedores e mais de 17 centros de produção a nível global” e, depois de entre 2018 e 2019 ter mais do que duplicado o número de colaboradores (de 42 para perto de 100) e o volume de negócios (de 1,2 para 2,5 milhões de euros), a HUUB prevê atingir uma faturação de 5,7 milhões de euros no próximo ano e recrutar mais cerca de meia centena de pessoas.

“Vamos continuar a reforçar sobretudo nas áreas de tecnologia e de vendas, que serão claramente as apostas para o próximo ano”, revelou o presidente executivo.

Atualmente a HUUB gere a logística de um portefólio de 70 marcas de 20 nacionalidades, cinco das quais portuguesas, sendo o objetivo atingir as 150 a 200 marcas até final de 2020, das quais cerca de duas dezenas se pretende que sejam “marcas de referência nacionais”.

“No próximo ano queremos ser líderes no mercado nacional no ‘e-commerce’ e moda e, a partir daí, queremos ser o parceiro de excelência em Portugal para tudo o que sejam negócios de comércio eletrónico e retalho que promovam exportação, uma presença global e uma gestão integrada omnicanal. A partir daí todo o nosso crescimento estará muito mais orientado para fora, em continuarmos a crescer na Europa e nos EUA, que é onde hoje em dia temos um maior número de marcas”, disse.

Segundo Luís Roque, o atual foco da HUUB “ainda é na Europa”, onde “em dois/três anos” pretende tornar-se também “uma referência na logística ligada ao setor da moda”, mas a partir da próxima ronda de investimento, agendada para meados/finais de 2020, a empresa quer “começar a atacar com mais força também o mercado americano”.

“Estamos muito confiantes quanto a essa ronda. Este ano fechámos a ronda de investimento que tinha começado em 2018 com o maior ‘player’ global em termos de logística, a dinamarquesa Maersk, e é a este nível que queremos trabalhar também na próxima ronda: queremos um parceiro que nos traga competências e capacidade do ponto de vista financeiro, mas que também nos adicione valor”, sustentou.

Fundada em 2015, a HUUB recebeu um financiamento de 4,3 milhões de euros na sua ronda de investimento inicial (‘seed round’), valor que Luís Roque destaca ser “quatro vezes a média europeia e duas vezes a média americana para esse estágio de maturidade de empresas”.

“Diria que a nossa Série A [próxima ronda de investimento] seguirá um bocadinho essa tendência e estará majorada quando comparada com a média para a fase em que nós estamos”, disse, sem querer avançar um valor específico.

(Notícia atualizada às 10:17 de terça-feira, 5 de novembro)