Edição por Rute Sousa Vasco
Parece que foi há uma eternidade - mas foi "apenas" há exatamente seis meses. A 10 de abril, Portugal registou um total de 1.516 novas infeções e, até hoje, 10 de outubro, esse tinha sido o dia com maior números de novos casos confirmados de pessoas com covid-19. Os dados divulgados hoje pelo boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) elevaram a fasquia para um novo patamar: 1.646 novos casos confirmados nas últimas 24 horas.
Os dados de hoje confirmam uma tendência registada ao longo da semana. Esta quinta e sexta-feira já tinham sido, respetivamente, o quarto e o terceiro pior dias desde que os primeiros casos em Portugal foram registados, em março.
Os números absolutos são de grandeza semelhante, mas, todavia, a realidade com que convivemos com a doença é hoje diferente. Talvez precisamente por causa da dimensão desses números absolutos. Façamos um exercício de memória que esta rubrica diária do SAPO24 ajuda:
O que nos diz a comparação destas duas realidades à luz dos indicadores existentes? Diz-nos sobretudo que as preocupações são de outra ordem. É difícil qualificar se são melhores ou piores, mais fáceis ou mais difíceis, o que temos a certeza é que são diferentes.
Vale por isso a pena ler o que o que pensam dois nomes que nos habituámos a ouvir desde o início da pandemia.
Sobre a causa das coisas, diz-nos o virologista Pedro Simas: “A causa deste aumento é devida ao aumento do movimento das pessoas, o retorno à vida ativa, agora pode estar potenciado pela não adesão às regras ou não, e é isso que temos de aferir e é aí que temos de fazer o nosso melhor”. E deixa o alerta: mais que nunca, está nas mãos de todos cumprir as normas de segurança sanitária que previnem o contágio e que são a melhor arma para impedir uma situação que, caso contrário, pode tornar-se "muito complicada daqui a duas semanas".
Sobre a consequência das coisas, diz Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública: "A resposta do SNS não é ilimitada e, portanto, tem um limite” (...) a “este ritmo talvez seja difícil para o SNS conseguir dar os cuidados necessários a todos os que deles necessitam”. Um alerta que faz com que não coloque de parte uma nova situação de confinamento: “Eu julgo que essa é uma medida que nenhum de nós deseja nem desejava, mas (…), se nós não tivermos de facto uma resposta” através do “reforço dos meios humanos, materiais, para conseguir interromper cadeias de transmissão, se as diversas atividades económicas não fizerem o que lhes compete em termos de adaptação e minimização do risco e se o Governo não tiver os meios para alocar aos serviços para que eles possam dar uma resposta adequada” e se os cidadãos não fizerem a sua parte no cumprimento das recomendações, será “difícil” poder “encontrar outra solução”.
Hoje, 10 de outubro, não podemos dizer que não sabemos. O que fazemos com isso ditará, provavelmente, a sorte dos próximos meses.
P.S. - Há precisamente seis meses, no dia 10 de abril, Boris Johnson, de 55 anos, diagnosticado com covid-19 a 27 de março, mantinha-se internado em recuperação. Seis meses depois, uma semana após o mesmo diagnóstico, Donald Trump, de 74 anos, sente-se "melhor do que nunca" e já regressou aos eventos públicos.
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