300 dias depois, Zelensky vai sair da Ucrânia: para onde e porquê?
Edição por Tomás Albino Gomes
O Presidente da Ucrânia é hoje esperado em Washington, onde deverá dirigir-se ao Congresso e encontrar-se com o Presidente Joe Biden, na Casa Branca, de acordo com vários órgãos de comunicação. Duas fontes do Congresso norte-americano e uma próxima do processo confirmaram os planos da visita, embora tenham falado sob condição de anonimato devido à natureza altamente sensível da viagem.
Porque é que é notícia?
O momento está a ser destacado porque esta será a primeira viagem internacional de Volodymyr Zelensky desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro. Ou seja, 300 dias depois.
Qual é o contexto da deslocação?
Esta viagem ocorre quando os congressistas norte-americanos votam um pacote de despesas de fim de ano, que inclui cerca de 45 mil milhões de dólares (cerca de 42 mil milhões de euros) em assistência de emergência à Ucrânia.
De acordo com a agência Associated Press, o pacote, que deverá ser anunciado durante o dia, vai incluir cerca de mil milhões de dólares (942 milhões de euros) em armas dos 'stocks' do Pentágono e mais 800 milhões de dólares (753 milhões de euros) em financiamento através da Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia, que financia armas, munições, formação e outros tipos de assistência.
O pacote de ajuda também vai incluir um número não especificado de conjuntos de Munições de Ataque Direto Conjunto, ou JDAM, foguetes para o Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade, milhares de munições de artilharia, camiões, e mísseis antirradiação HARM ar-terra, disseram os mesmos responsáveis, citados pela AP.
A medida, caso seja aprovada, será a maior injeção de assistência à Ucrânia pelos EUA e a garantia de que o financiamento possa fluir para o esforço de guerra nos próximos meses.
Como é que a Rússia reagiu a esta deslocação?
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo avisou que a entrega do sistema avançado de mísseis terra-ar seria considerada uma provocação e que os Patriot e quaisquer tripulações que o acompanhassem seriam um alvo legítimo para os militares de Moscovo.
Por outro lado, esta manhã, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que contínuo fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia levaria apenas a um “aprofundamento” do conflito.
“O fornecimento de armas continua e a gama de armas fornecidas está a expandir-se. Tudo isso, é claro, leva a um agravamento do conflito. Isso não é um bom presságio para a Ucrânia”, disse Peskov.
Além das palavras, a Rússia agiu com ataques com mísseis em todo o território ucraniano.
Zelensky e uma operação de charme?
O dia em que o presidente ucraniano visita os EUA é determinante acerca do posicionamento deste país ao lado da Ucrânia no apoio ao confronto. Embora Joe Biden tenha prometido continuar a apoiar o país "pelo tempo que for necessário", o presidente norte-americano enfrenta alguma resistência no Congresso, câmara que que passará a ser controlada pelos republicanos no dia três de janeiro, em função do resultado das eleições intercalares que aconteceram no início de novembro.
Poucas horas antes da notícia da visita de Zelensky, os líderes republicanos daquela câmara instruíram os legisladores a oporem-se ao projeto de lei de gastos que inclui a ajuda à Ucrânia - o que não seria uma novidade, uma vez que vários membros daquela câmara opuseram-se repetidamente a pacotes anteriores que enviaram milhares de milhões de dólares em ajuda militar e humanitária à Ucrânia -, sugerindo que o dinheiro seria mais bem gasto nos Estados Unidos.
Em outubro, o líder republicano da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, que em janeiro passará a ser presidente desta câmara, disse que temia dar à Ucrânia um “cheque em branco”.
Um alto funcionário desta câmara disse à NPR que a fanfarra em torno da visita não tem como objetivo reprimir as reclamações sobre os gastos. “Não se trata de enviar uma mensagem a um partido político em particular – trata-se de enviar uma mensagem ao [presidente russo Vladimir] Putin e enviar uma mensagem ao mundo de que a América estará ao lado da Ucrânia pelo tempo que for necessário”, disse, observando que o tamanho do pacote do Congresso demonstra que há apoio “amplo, profundo e bipartidário” para a ajuda.
300 dias depois, o que se está a passar no conflito?
Neste Natal, desejo-vos amigos, dos bons, daqueles que nos abraçam e não têm medo de dizer: adoro-te. Continuar a ler