A nacionalização surpresa e a empresa que não chegou a ser nacionalizada
Edição por Pedro Soares Botelho
As parangonas de todos os jornais anunciavam: hoje, o futuro da TAP ia ficar decidido. Após o Conselho de Ministros, o país ficaria a saber as contas da transportadora aérea. Inicialmente agendada para as 13:00, a conferência de imprensa foi sendo adiada, adiada, adiada. Poderia ser que a decisão fosse complicada, difícil, dolorosa. Ou poderia ser que já estivesse a ser o futuro escrito.
Depois, as câmaras abrem os diretos no Palácio da Ajuda. Três ministros numa mesa preparam-se para falar; os jornalistas preparam as perguntas sobre a TAP, os comentadores arrumam as notas sobre a TAP. E eis que o governo anuncia: vamos nacionalizar a Efacec.
O anúncio foi feito pelo ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva, numa conferência de imprensa depois de uma reunião do Conselho de Ministros, que durou todo o dia, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, onde estavam também presentes o ministro de Estado da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, e pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
Entretanto, na página do Presidente da República, já foi publicada a promulgação deste “diploma do Governo destinado a salvar a Efacec”.
Este processo decorre da saída de Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, do capital da Efacec, na sequência do envolvimento do seu nome no caso 'Luanda Leaks', no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou, em 19 de janeiro passado, mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária e do marido que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.
A empresária angolana tinha entrado no capital da Efacec Power Solutions em 2015, após comprar a sua posição aos grupos portugueses José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves, que continuam ainda a ser acionistas da empresa, enfrentando atualmente o grupo sérias dificuldades de financiamento devido à crise acionista que atravessa.
Então, e a TAP?
Bom, a TAP, acabou por não ser nacionalizada, mas passa a ser uma empresa maioritariamente pública. O Estado assume 72,5% da companhia, comprando vários direitos aos acionistas privados pela soma de 55 milhões de euros. Este valor vai permitir-lhe desbloquear a injeção de 1.200 milhões para garantir a liquidez da transportadora aérea nacional.
O anúncio foi feito já depois das 22h e tem como primeira consequência a saída de Antonoaldo Neves, o homem que até agora dirigia a TAP.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciou hoje que o Governo vai contratar uma empresa para procurar no mercado internacional uma equipa de gestão qualificada para a TAP.
Falando na conferência de imprensa em que foi anunciado que o Governo chegou a acordo com os acionistas privados da TAP passando a deter uma participação de 72,5% na companhia área, Pedro Nuno Santos precisou que “o Estado não vai gerir a TAP”, adiantando que a solução passa por recrutar uma equipa de gestão especializada e qualificada nesta área.
“Faremos um processo de seleção contratando uma empresa que tem no quadro da sua atividade procurar no mercado internacional uma equipa qualificada para gerir a TAP”, precisou o ministro.
“A TAP precisa de uma gestão qualificada e a TAP terá uma gestão qualificada”, referiu.
Depois deste acordo, o Estado passa a deter 72,5% da companhia aérea, o empresário Humberto Pedrosa 22,5% e os trabalhadores os restantes 5%.
Economia
O governo anunciou a decisão sobre a TAP. O Estado chegou a acordo com os acionistas privados da companhia aérea e compra 72,5% da empresa, evitando a nacionalização. Agora, "a TAP tem de passar por um processo de reestruturação", lembra Pedro Nuno Santos. Antonoaldo Neves está de saída da liderança da empresa.
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