Por Inês F. Alves

• Quando se olhar para o ano da vacinação contra a covid-19, o nome AstraZeneca será top of mind, mas é possível que não pelos melhores motivos. Há quem diga que não há má publicidade — "falem bem ou falem mal, mas falem" —, mas resta saber se o laboratório pensa da mesma forma.
• Esta manhã, cinco diplomatas europeus avançaram que a Comissão Europeia está a preparar uma batalha legal com o laboratório por causa da escassez de vacinas contra a covid-19 — o que atrasou o processo de vacinação na Europa.
• Em janeiro, o laboratório anunciou que não seria capaz de fornecer as doses inicialmente previstas. Contas feitas, no final do primeiro trimestre, a empresa entregou apenas 30 milhões das 100 milhões de doses que estavam previstas no contrato com a União Europeia. Para o segundo trimestre, a AstraZeneca prevê entregar cerca de 70 milhões de doses, muito abaixo das 300 milhões previstas no primeiro semestre do ano
• No início desta semana, o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, admitiu que a União Europeia pode não renovar o contrato para a aquisição da vacina da AstraZeneca.
• Esta é talvez a mais grave polémica em que a AstraZeneca está envolvida, mas não a única: a vacina contra a covid-19 desenvolvida por este laboratório começou por não ser recomendada a maiores de 65 anos porque não havia dados suficientes para comprovar a eficácia do produto nesta faixa etária. Depois, com a vacinação em massa a decorrer e novos dados em cima da mesa, foi alargada a maiores de 65 anos. No entanto, seguiu-se uma suspensão da administração do fármaco por suspeitas de uma relação entre a vacina e a formação de coágulos sanguíneos em pessoas com menos de 60 anos — o que se veio a confirmar em casos muito raros. Agora, a recomendação é de que seja administrada apenas a pessoas com mais de 60 anos. É importante referir, todavia, que a Agência Europeia do Medicamento considerou que os benefícios da vacina continuam a superar os riscos associados.