Covid-19: Vem aí a sexta vaga?
Edição por Tomás Albino Gomes
Poucas semanas depois de ter caído o uso obrigatório de máscara de proteção individual na maioria dos locais em que era exigida - exceção para os estabelecimentos de saúde, incluindo farmácias comunitárias, assim como nos lares de idosos, serviços de apoio domiciliário, unidades de cuidados continuados e transportes coletivos de passageiros - e de o Governo ter terminado com os testes gratuitos em farmácia "face à evolução positiva da situação epidemiológica de Covid-19 em Portugal", o relatório do grupo de trabalho do Instituto Superior Técnico (IST) que acompanha a evolução da covid-19 em Portugal, e a que a Lusa teve hoje acesso, indica que “a possibilidade de uma sexta vaga está a desenhar-se de forma muito intensa”.
Segundo esta avaliação de risco da pandemia elaborada por Henrique Oliveira, Pedro Amaral, José Rui Figueira e Ana Serro, que compõem este grupo de trabalho coordenado pelo presidente do IST, Rogério Colaço, "a atual situação é de aumento do perigo pandémico face ao anterior relatório” de 19 de abril.
De acordo com o documento, a eliminação do uso de máscaras “parece ter tido um efeito muito acentuado na subida de casos atual”, uma medida que os especialistas do IST consideram ter sido “acertada” nas escolas, mas que está a provocar um “excesso de contágios” em ambiente laboral.
“A sua eliminação em contexto laboral e a não recomendação de teletrabalho quando este é possível, provoca um excesso de contágios que, segundo os nossos modelos, está a contribuir fortemente para a subida presente” de infeções, sublinha ainda o relatório do IST.
Também hoje a pneumologista Raquel Duarte, que lidera a equipa de peritos que aconselha o Governo em relação à pandemia, disse esta quarta-feira ao Público que a comparticipação dos testes rápidos de antigénio nas farmácias deveria prolongar-se ainda “nos próximos tempos”.
O grupo de trabalho do Técnico considera também que os dados existentes indicam que as novas linhagens da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 podem estar a contribuir para o aumento do número de casos.
Face à “tendência de agravamento significativo” da pandemia em Portugal, os especialistas admitem que a recente subida de casos positivos de SARS-CoV-2 “provavelmente contribuirá” para o aumento da mortalidade nos próximos 30 dias.
O pico deste indicador na recente vaga da Ómicron foi registado em 6 de fevereiro e os óbitos diários em média a sete dias passaram de 20.9 para os atuais 20.3.
De acordo com o relatório do IST, a incidência média a sete dias aumentou de 8.763 para 14.267 casos desde 19 de abril, o que se deve “à retirada abrupta do uso de máscara em quase todos os contextos e à nova linhagem BA.5 da variante Ómicron que começa a instalar-se” no país.
Com dados de 9 de maio, o grupo de trabalho adianta que o Indicador de Avaliação da Pandemia do Instituto Superior Técnico e da Ordem dos Médicos está agora nos 83.8 pontos, com tendência de subida e acima do “nível de alarme”.
Talvez agora já seja tempo para ousar esse segundo anel de uma Europa a várias velocidades. Continuar a ler
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