Em quantos segundos se cria uma polémica? Bastam sete
Edição por Alexandra Antunes
Em quanto tempo se origina uma polémica? Serão precisas horas, dias, semanas, meses, anos? Talvez não: só sete segundos podem bastar.
Um pequeno vídeo, que circula nas redes sociais, mostra António Costa numa conversa privada com jornalistas, depois de uma entrevista ao Expresso, alegadamente chamando "cobardes" aos médicos envolvidos no caso do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz, onde já morreram 18 pessoas.
A gravação, embora de fraca qualidade, deixa perceber as seguintes palavras: "É que o presidente da ARS mandou para lá os médicos fazerem o que lhes competia. E os gajos, cobardes, não fizeram".
O semanário já explicou o que aconteceu, garantindo que "depois da divulgação nas redes sociais de imagens e som de uma conversa reservada de jornalistas do Expresso com o primeiro-ministro", o título do grupo Impresa "desencadeou de imediato os procedimentos internos necessários para avaliar o sucedido", refere a direção, num comunicado publicado no site.
"Após a entrevista, foram recolhidas imagens para construção do vídeo de promoção da conversa mantida com António Costa", adianta o Expresso, explicando que "os microfones usados na entrevista foram desligados, mas por lapso o microfone interno da câmara não — pelo que ficou em fundo o som da conversa 'off the record', reservada, que o primeiro-ministro teve com os jornalistas presentes na entrevista".
No final da tarde de sexta-feira, o Expresso enviou para duas televisões os sons da entrevista, "incluindo algumas dessas imagens", conhecidas como planos de corte, que incluíam "a imagem e áudio de sete segundos que resultaram na polémica conhecida", prossegue a direção. "Esse envio é um erro da responsabilidade do Expresso, que assumimos por inteiro", é referido. O jornal adiantou que, assim que se apercebeu que esse vídeo tinha sido enviado, pediu às televisões que não o usassem e que o apagassem do arquivo — o que foi cumprido.
No entanto, no sábado à noite, o Expresso recebeu via WhatsApp "um vídeo com os mesmos sete segundos, mas que não é o original". Ou seja, "em concreto, houve edição de som, aumentando-o de forma a que fosse perfeitamente audível, e foi gravado de um monitor, o que facilmente pode ser comprovado na sua visualização, por comparação com a qualidade de imagem do vídeo original". Em suma, "alguém gravou o vídeo com um telemóvel ou outro dispositivo, fazendo-o correr primeiro via Whatsapp, depois junto de outras redes sociais", aponta o Expresso.
Paralelamente, o semanário "denunciou junto do Facebook, Twitter e Youtube o referido vídeo por violar os direitos de propriedade que nos pertencem".
Só sete segundos e a história que daí começa a surgir, remoendo o passado recente, já vai longa. Mas não fica por aqui, que as conversas são como as cerejas: vem uma, outra e outra.
1. O Expresso começou por dizer que o vídeo foi divulgado "sem autorização e conhecimento deste jornal" e que "repudia absolutamente esta divulgação". Apesar de o segundo comunicado já levantar algumas pontas, não se sabe ainda tudo. E o semanário garante continuar "o apuramento de responsabilidades internas", tendo "já tomado medidas que evitem que o erro se volte a repetir".
2. A reação às palavras de António Costa também não podia ficar de fora: "As declarações do senhor primeiro-ministro foram infelizes (…) estas declarações de alguma forma ofenderam os médicos", referiu. E, em comunicado, a Ordem dos Médicos aponta que as afirmações de António Costa, "independentemente de serem proferidas de forma pública ou em privado, traduzem um estado de espírito ofensivo para os médicos e um sentimento negativo por uma classe profissional".
3. O Sindicato Independente dos Médicos também reagiu ao sucedido. "Lamentamos, reprovamos e repudiamos em absoluto as palavras" do primeiro-ministro, declararam. "Os médicos merecem e exigem respeito, muito mais partindo do Chefe de Governo", acrescentam.
4. Vários partidos reagiram às declarações: o CDS-PP e o Chega criticaram as afirmações do primeiro-ministro e pediram uma retratação de António Costa e uma repreensão por parte do Presidente da República e também a Iniciativa Liberal.
5. Desencadeada a polémica, a Ordem dos Médicos solicitou, com caráter de urgência, uma audiência ao primeiro-ministro. Afinal, defende, estão em causa "declarações ofensivas para todos os médicos e para os doentes, sobretudo os mais vulneráveis, são um mau serviço dos governantes ao país, e em nada contribuem para a necessária união num momento de pandemia".
6. António Costa já aceitou o pedido: o primeiro-ministro vai reunir-se com a Ordem dos Médicos esta terça-feira de manhã. Até ao momento não há indicação das horas exatas nem garantias de declarações no final.
7. Miguel Guimarães referiu que a reunião é "absolutamente essencial", para que o "mal-estar possa ser sanado e resolvido rapidamente". "Precisamos de fechar este dossiê [surto no lar em Reguengos de Monsaraz] e precisamos de nos concentrar naquilo que é importante", frisou o bastonário.
Ao invés dos sete segundos, estes são sete pontos que ajudam a perceber a história. Mas ainda há perguntas por responder sobre a origem do vídeo e o que realmente aconteceu em Reguengos de Monsaraz.
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