O vídeo, de poucos segundos, foi partilhado nas redes sociais e nele ouve-se António Costa a ter uma conversa privada com os jornalistas do Expresso.
"É que o presidente da ARS mandou para lá os médicos fazerem o que lhes competia. E os gajos, cobardes, não fizeram", pode ouvir-se António Costa a dizer aos jornalistas do semanário, em 'off', sobre o caso do lar de Reguengos de Monsaraz.
Em comunicado, o Sindicato Independente dos Médicos já reagiu. "Lamentamos, reprovamos e repudiamos em absoluto as palavras" do primeiro-ministro, declararam
"Os médicos merecem e exigem respeito, muito mais partindo do Chefe de Governo", acrescentam.
O vídeo já motivou uma nota da direção do Expresso. Nela pode ler-se que "uma gravação amadora de um ecrã de computador, que reproduz uma recolha de imagens de uma conversa off the record, privada, do primeiro-ministro com jornalistas do Expresso, foi divulgada nas redes sociais sem autorização e conhecimento deste jornal".
Acrescenta o semanário que desencadeará "de imediato, os procedimentos internos e externos para apurar o que aconteceu e os responsáveis pelo sucedido".
CDS e Chega criticam primeiro-ministro
Num comunicado a propósito do vídeo, o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, diz que os médicos quando encabeçaram a luta contra a covid-19 “dia e noite, correndo risco de vida e permitindo a António Costa alavancar a popularidade à custa do seu esforço”, esses médicos eram os heróis do país.
“Quando começaram a apontar claros indícios de falhas do Estado no tratamento de doentes, nomeadamente os mais idosos, passaram a ser ´cobardes´, a não ter competência para elaborar relatórios e a serem criticados por terem opinião nas televisões”, diz o líder centrista, concluindo que o primeiro-ministro “deve retratar-se publicamente e retirar imediatamente o ataque feroz que desferiu à classe profissional”.
Já num comunicado assinado pela direção nacional o Chega fala-se de “absoluta falta de decência, tolerância democrática e desrespeito por uma das classes que mais tem sido afetada no âmbito da pandemia de covid-19”.
“Estas declarações, agora tornadas públicas, ainda que de forma inadvertida, são gravíssimas e demonstram um estado de desorientação considerável e uma agressividade incompreensível para com todos os médicos e com o setor da saúde em geral”, diz o Chega, acrescentando que no atual contexto “dificilmente o primeiro-ministro tem condições para continuar no cargo” e assumir a liderança da luta contra a covid-19”.
O Presidente da República, acrescenta o partido, “tem de repreender fortemente o primeiro-ministro ou não estará a exercer dignamente a função de Chefe de Estado que os portugueses lhe confiaram”.
O surto de Reguengos de Monsaraz provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar da FMIVPS (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 pessoas (16 utentes, uma funcionária do lar e um homem da comunidade).
[Notícia atualizada às 15h36]
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