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Newsletter diária • 24 jan 2022

 
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O pico vai ter de esperar — há eleições primeiro

 
 

Edição por António Moura dos Santos

Além das promessas dos partidos, das suas tricas e dos ataques, das alianças ou falta delas, o grande tema que tem dominado estas eleições legislativas é a forma como serão afetadas da covid-19 — e como podem mudar o próprio rumo da pandemia.

Perante o risco de ter uma parte significativa dos eleitores impedida de votar por se encontrar em confinamento — o que não só constitui a inviabilização de um direito que lhe assiste, como retira legitimidade ao processo —, o Governo optou pelo já divulgado expediente de permitir isolados de ir votar e apenas votar no dia 30. Ao mesmo tempo, recomendou-lhes que vão no horário entre as 18:00 e as 19:00, para evitar contacto com não infetados.

Qual é a dimensão da população nestas condições que poderemos encontrar a 30 de janeiro? De acordo com o matemático Henrique Oliveira, dada a progressão da pandemia nas últimas semanas, é bem possível que cheguemos a um milhão de confinados no final de mês.

Destes, entre “350 mil a 400 mil devem querer ir votar”, disse o professor do departamento de matemática do Instituto Superior Técnico — uma estimativa muito superior à anterior, que previa entre 180 a 250 mil eleitores isolados no dia das eleições, entre um universo total de cerca de 450 mil a 500 mil pessoas impedidas de sair de casa por estarem infetadas ou serem contactos de alto risco.

Criticado por vários partidos e entidades por responder tardiamente a esta questão do voto dos confinados, o Governo, pelo menos, conseguiu num esforço de última hora garantir que muita da população nacional vá exercer o seu direito de voto — ainda que isso também leve alguns a crer que a abstenção poderá aumentar por parte de pessoas que não querem arriscar cruzar-se com infetados.

Há, todavia, um outro efeito destas legislativas — recorde-se que não foi só a pandemia a afetar as eleições, já que o contrário também se aplica.

Henrique Oliveira acredita que este aumento substancial de casos que temos observado — e que será causador do tal milhão de confinados — se deve sobretudo a novo modelo escolar (com a norma que prevê que o aparecimento de um caso positivo não obriga ao isolamento de toda a turma de uma escola) e à própria campanha eleitoral.

“A campanha eleitoral está a produzir uma subida muito surpreendente face aos modelos que nós tínhamos”, adiantou o professor, apontando a recente subida do índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus SARS-CoV-2.

Face a estas alterações, o pico da atual vaga da pandemia, que esteve previsto para ocorrer nos últimos dias, deverá agora acontecer entre o “início de fevereiro e até dia 12”, com o teto a atingir os 60 mil casos notificados em média a sete dias, mas com um máximo de infeções diárias de 130 mil. Teremos, portanto, de aguardar que as eleições acabem para que as infeções baixem.

 
 
 
 

Os temas quentes da campanha

 
 
  • João Ferreira está de volta à campanha da CDU: depois de recuperar da covid-19, o dirigente comunista vai substituir João Oliveira já está terça-feira. Há também a previsão de que Jerónimo de Sousa, submetido de urgência a uma operação à carótida interna esquerda a 13 de janeiro, regresse esta quarta-feira.
  • Catarina Martins dá a outra face: apesar de António Costa ter repetido continuamente ao longo da campanha que o PS almejava a maioria absoluta e que os partidos à esquerda já não ofereciam confiança para uma nova Geringonça, a coordenadora do Bloco de Esquerda convidou o líder do PS neste domingo para uma reunião no dia seguinte às eleições para um acordo de quatro anos, defendendo que só haverá confiança dos eleitores "se houver entendimento".
  • PAN reage a oferta do BE: Em reação a estas "tréguas" oferecidas por Catarina Martins, Inês Sousa Real,  a porta-voz do PAN, sugeriu que os bloquistas estão, na verdade, a querer "lavar a mão" por da responsabilidade de terem ajudado a chumbar o OE2022, criando uma “crise política em cima de uma crise socioeconómica e sanitária sem precedentes”.
  • CDS rejeita Chega uma vez mais: À direita, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, uma vez mais frisou a definição das suas linhas vermelhas quanto a falar com o Chega. “Da minha parte pode ter uma garantia, não porei a minha assinatura em nenhum acordo escrito com o partido Chega”, afirmou, considerando que cabe ao partido de André Ventura decidir se contribui para viabilizar um Governo PSD/CDS no parlamento.
  • 13 mil votarão a partir de casa ou do lar: Além do voto em mobilidade, foi possível votar antecipadamente de outra forma. Os eleitores a cumprir confinamento obrigatório ou internados em lares puderam, até ontem, inscrever-se para votar à distância.
 
 

Ainda a marcar a atualidade