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Newsletter diária • 28 mar 2023

 
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O que sabemos sobre o ataque ao Centro Ismaili?

 
 

Edição de António Moura dos Santos

A tragédia abalou o que se esperava ser uma manhã tranquila no Centro Ismaili, em Lisboa, quando um homem entrou nas instalações e matou duas pessoas à facada e deixou outra ferida com gravidade.

"Foi tudo muito rápido, não sabemos o que aconteceu, mas há pessoas mortas, ele tinha uma faca enorme. A polícia está aqui no centro em investigações", disse uma funcionária do Centro Ismaili ao SAPO24, pouco depois do ataque.

Como tudo aconteceu?

Segundo a PSP, o caso foi comunicado às 10h57 e os primeiros polícias chegaram um minuto depois. 

À chegada os "polícias deparam-se com um homem armado com uma faca de grandes dimensões", tendo sido dadas "ordens ao atacante para que cessasse o ataque, ao que o mesmo desobedeceu, avançando na direção dos polícias, com a faca na mão (...) face à ameaça grave e em execução, os polícias efetuaram recurso efetivo a arma de fogo contra pessoa, atingindo e neutralizando o agressor".

Quem eram as vítimas?

Segundo adianta a imprensa nacional, tratam-se de duas mulheres, uma de 24 anos e outra de 49 anos, uma aluna e outra professora do Centro Ismaili. O ataque ocorreu durante uma aula de português, sendo que o outro ferido a registar, um professor de português, também foi esfaqueado e foi conduzido de urgência para o Hospital de Santa Maria.

E o agressor?

É um refugiado afegão "na casa dos 40 anos", revelou ao SAPO24 Omed Taeri, membro da Comunidade Afegã em Portugal, confirmando que o agressor já tinha entrado em contacto com este grupo.

O agressor vive em Portugal desde final de 2021, nomeadamente em Odivelas, e é pai de três filhos. É viúvo, já que perdeu a sua companheira num campo de refugiados na Grécia.

"A sua mulher morreu, na Grécia, é das poucas coisas que sabemos, chegou provavelmente há um ano ou pouco mais. Ele tinha alguns problemas psicológicos e emocionais por causa dessa situação. A sua vida não foi fácil e ficou com esse tipo de problemas", diz Omed.

Tendo sido baleado pelos agentes da PSP quando se preparava para atacá-los, foi encaminhado em situação de urgência médica para o Hospital de São José, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica.

Já se sabe o que o levou a cometer este ataque?

Não. Num comunicado enviado ao SAPO24, o presidente do Conselho Nacional da Comunidade Muçulmana Ismaili, Rahim Firozali, disse desconhecer as motivações do homem que entrou nas instalações do centro armado com um objeto cortante.

Um irmão de uma das testemunhas do ataque desta manhã disse ao Observador que o homem atacou repentinamente o professor de português e que depois ameaçou suicidar-se recorrendo à mesma faca. Porém, mudou de ideias e, ao sair da sala de aula, atacou as duas vítimas mortais.

O caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária, mas, para já, está a ser encarado como um caso isolado e não um crime com motivações religiosas ou de ódio.

O atacante estava sinalizado?

Não, de acordo com o ministro da Administração Interna, nada fazia prever que este ataque viesse a ocorrer. 

Tratava-se de "um cidadão com o estatuto beneficiário internacional", com "uma vida bastante tranquila" que recebia o apoio da comunidade ismaelita "no que respeita ao conhecimento das línguas, no cuidado alimentar e no cuidado com as crianças menores". Era, assim, "um cidadão com fácil relação" com a comunidade e sem qualquer "sinalização que justificasse cuidados com a segurança", disse José Luís Carneiro.

Por isso mesmo, repetindo a ideia acima mencionada, "tudo leva a crer tratar-se de um ato isolado", afirmou o ministro.

António Costa, de resto, instado a reagir em direto momentos depois da notícia começar a ser dada, sublinhou a mesma ideia. “Tudo indica que foi um ato isolado", disse o primeiro-ministro, embora tenha também salientando que será necessário esperar pela investigação: "Vamos esperar, não nos vamos antecipar ao trabalho das autoridades". A ideia foi depois repetida por Marcelo Rebelo de Sousa.

 
 

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