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Newsletter diária • 03 mai 2024

 
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Precisamos de falar sobre jornalismo

 
 

Edição por Ana Maria Pimentel

Para um jornalista qualquer dia é bom para se falar da sua arte, para um cidadão comum qualquer dia é relevante para falar sobre liberdade de imprensa. E, hoje, foi divulgado o Índice Mundial da Liberdade de Imprensa publicado pela organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), portanto hoje é um dia tão bom quanto qualquer outro, mas que tem um pretexto.

Sim, sou advogada em causa própria numa altura em que quando uma informação é baseada em dados e factos incómodos se prefere dizer que os jornalistas têm uma "narrativa única". Que quando a realidade contraria os preconceitos se diz que se está a "dominar a narrativa". Ou quando se escreve sobre temas que até agora eram tabu se escolhem palavras como "tentativa de educar o povo".

E, claro, numa altura em que no mesmo dia - e às vezes com intervalo de segundos - somos acusados de ser de esquerda, de direita, do Porto e do Benfica. E está tudo bem. Porque, felizmente, Abril deu-nos essa capacidade de podermos informar, o que dá aos outros a capacidade de duvidarem de nós. Infelizmente, o primeiro direito que referi está mais à prova no exercício diário da nossa profissão.

Contudo, mais uma vez os dados metem-se entre a verdade, as ideias veículadas e as "sensações". Segundo o Índice Mundial da Liberdade de Imprensa Angola, Brasil e Portugal contrariaram a tendência de descida dos países lusófonos. Portugal subiu duas posições, para 7.º lugar, regressando assim ao grupo de oito países com uma “situação muito boa” em termos de liberdade de imprensa, do qual tinha saído no ano passado.

Com mais ou menos dificuldade, maiores ou menores entraves financeiros ou pressões, ser jornalista em Portugal ainda é um privilégio quando comparado com outras realidades. Por exemplo, comparado com um total de 44 jornalistas que informavam sobre temas ambientais e que foram assassinados no mundo nos últimos 15 anos, e pelo menos outros 24 sobreviveram a tentativas de assassínio.

As dificuldades ao jornalismo nesta década são algumas, estando a desinformação baseada em notícias falsas no topo das preocupações. E, por isso, o papel do jornalista é cada vez mais importante para fazer a seleção da informação. Porque com o advento das redes sociais e com o aparecimento de páginas anónimas torna-se mais difícil averiguar a origem da propaganda e notícias falsas. Porque como dizia no primeiro dia de campanha para as Legislativas, a desinformação também vence eleições e os partidos sabem disso.

Este ano começou com o jornalismo na agenda e se os jornalistas sabem que não devem ser notícia, também lhes custa sê-lo. Mas foi importante que o fossem e é também importante que não deixem o tema cair por não ser falado. E, por isso, é sempre bom voltar-se à "pergunta decisiva" que a jornalista Inês F. Alves fez depois do Congresso dos Jornalistas: "Como é que se garantem condições para o exercício da profissão daqui para a frente?" E nos primeiros dias do novo Governo lembrar que também há outra pergunta por responder: "Sim ou não aos apoios públicos aos meios de comunicação social? E em que moldes?"

Entretanto nós continuaremos a informar com base em dados e factos, por mais incómodos que sejam.

 
 
 
 
 

 
 

O jogo entre New York Knicks e Philadelphia 76ers mereceu destaque no Bola ao Ar, podcast sobre NBA, mas nem só desta série emocionante se fez o último episódio. O futuro dos Lakers ou a decepção que foi o trajeto dos Miami Heat, entre muitos outros temas, também foram alvo de análise.