Quem te avisa, teu amigo é
Edição por António Moura dos Santos
O verão é tradicionalmente encarado como um período de acalmia e repouso, mas, neste momento, as autoridades de saúde devem estar tudo menos descansadas. Avolumam-se os avisos: se acharam que o início do ano foi difícil para lidar com a pandemia, esperem até chegar a outubro.
A lógica é simples e resulta da soma de dois fatores: junta-se o pior tempo próprio do outono/inverno — e consequentemente mais pessoas em espaços fechados — ao aumento da gripe sazonal, própria dessa estação. Fica-se assim com um caldo epidémico onde as infeções podem crescer a ritmo exponencial, o que, por sua vez, pode levar o Serviço Nacional de Saúde a ser colocado sob enorme pressão.
Por isso mesmo, são cada vez mais os epidemiologistas e especialistas de saúde pública a demonstrar preocupação quanto ao que o outono poderá significar no que toca à covid-19.
Ao Expresso, Manuel Carmo Gomes, professor de epidemiologia na Universidade de Lisboa e colaborador da equipa de peritos da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Nacional Ricardo Jorge, avisou que o número de infetados deverá começar a subir significativamente três semanas após o início do próximo ano letivo.
Segundo o especialista, “o perigo vai começar em outubro e até fevereiro vamos estar sempre debaixo de grande risco, porque as pessoas passam mais tempo em ambientes fechados, tentam manter as suas atividades profissionais, os transportes estarão a funcionar e as aulas a decorrer.”
Para além disso, trata-se de o período em que a gripe sazonal regressa e, partilhando de vários sintomas com a covid-19, pode levar a enchentes nos hospitais e nos centros de saúde e ao processamento de testes sem precedentes.
Também por isso, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, deixou o recado numa conversa com a Agência Lusa de que Portugal não pode chegar ao inverno como está hoje.
“É importante que neste momento consigamos reduzir aquilo que é a disseminação da doença no país. Se quando chegar o inverno já estivermos neste patamar, a possibilidade de as coisas entrarem num crescimento ainda mais difícil de controlar é real”, alertou.
Para Mexia, é necessário reforçar as unidades de saúde pública já nesta fase, assim como a capacidade dos laboratórios de processar amostras, para que tudo seja o mais eficiente possível quando essa potencial vaga chegar.
De acordo com a mesma peça do semanário Expresso, o ministério da Saúde já está a preparar um “plano de ataque” para esses difíceis meses. Em cima da mesa estão medidas como:
Todas estas medidas poderão conter os estragos que um assomo de casos possa causar, mas os especialistas alertam também para a possibilidade de, mesmo que não se obrigue ao confinamento social forçado de março, se volte atrás com algumas medidas de desconfinamento.
Por enquanto, a situação permanece cautelosa no país, em particular na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde hoje foram detetados mais 342 casos.
Para debelar as transmissões naquele que tem sido um dos setores responsáveis pelos surtos na região, a Direção-Geral da Saúde publicou uma orientação para a construção civil, indicando a obrigatoriedade de utilização de máscara nos estaleiros e pedindo para que equipamentos não sejam partilhados entre trabalhadores.
A praia permanece convidativa, e as pessoas tentam viver estes meses de calor e banhos de sol com tranquilidade, mas o outono está aí à porta. Os avisos estão dados.
Atualidade
A Direção-Geral da Saúde divulgou hoje um documento com as orientações de segurança para o setor da construção civil, onde têm ocorrido vários casos de infeção por covid-19. Colocação de desinfetante nos estaleiros, obrigatoriedade do uso de máscaras e cuidados para não partilhar equipamentos estão entre as recomendações das autoridades de saúde.
Vida
Olá, o meu nome é Miguel Magalhães e nesta edição de “Acho Que Vais Gostar Disto” temos duas histórias protagonizadas por galãs clássicos de Hollywood e uma série que mostra que, mesmo em confinamento, é possível ser-se criativo e continuar a contar histórias que interessam. Vamos a isso?
Opinião
O mundo está a mudar, todos concordam. O que ninguém sabe é como será a paisagem quando assentar o pó. No entanto, já é possível arriscar algumas alterações altamente prováveis.
Ou não? Claro que adoramos. Entre financiamento público directo e isenções fiscais, nem se sabe bem ao certo em quanto é que as touradas são ajudadas, mas são uns belos milhões por ano. Continuar a ler