O dia foi marcado por manifestações no Reino Unido e em França que, sendo diferentes na sua génese, dão um retrato dos desafios que a Europa enfrenta vistos a partir de dois países que sempre desempenharam um papel determinante na história do continente.

Em Londres, milhares de pessoas juntaram-se numa manifestação destinada a reverter o Brexit. Uma sondagem recente  realizada pela empresa We Think estimou que 62% dos britânicos votariam a favor de reintegrar a UE, contra 38% que prefeririam continuar fora. Há outras sondagens e outros resultados, mas mesmo aqueles que apontam para uma diferença menor entre os brexiters e os remainers, a maioria é favorável à reintegração.

Sete anos volvidos sobre o referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia, em junho de 2016, e três anos e meio depois da formalização da saída, em 31 de janeiro de 2020, o sentimento dominante dos britânicos é pró-Europa - ou, numa versão mais cínica, simplesmente o sentimento que o Brexit não correu bem.

A “Marcha Nacional pela Reintegração”, que hoje teve lugar, partiu de Hyde Park, passou pelas ruas do centro de Londres e terminou num comício em Westminster Square, a praça defronte do edifício do parlamento britânico. “Vamos fazer uma manifestação todos os anos até voltarmos à UE. Muitas pessoas que votaram a favor do ‘Brexit’, como os agricultores e pescadores, arrependeram-se e acredito que este movimento vai continuar a crescer”, afirmou  a co-fundadora da ‘March for Rejoin’, Lee Rudd.

Em França, as manifestações decorreram em várias cidades, organizadas por grupos comunitários e ativistas cívicos com o objetivo de condenar o racismo e a brutalidade policial. Na origem dos protestos está ainda a memória da morte, pela polícia, de Nahel Merzouk, de 17 anos, mas outros temas foram igualmente decisivos para todos os que decidiram sair à rua, como os direitos dos imigrantes à habitação a preços acessíveis, a defesa de medidas económicas de ajuda à população.

No total, estiveram mais de 100 marchas agendadas, colocando as autoridades em alerta num dia em que o país acolhe vários eventos internacionais - como o Mundial de Râguebi, num dia em que jogou a seleção portuguesa, e a visita do Papa Francisco a Marselha.

Cerca de 30.000 polícias e gendarmes foram chamados a integrar uma força de segurança reforçada, estando mil agentes destacados para acompanhar a marcha de Paris e, em Marselha, cerca de cinco mil polícias e mil agentes de segurança privada estavam a postos para a visita do Papa, ajudados por dezenas de câmaras de vigilância ao longo do percurso do líder da igreja católica.

De um lado e de outro, marcha-se por uma ideia de Europa que nunca foi fácil mas que desde a 2ª Guerra Mundial fez do projeto europeu aquele que de forma mais duradoura trouxe paz e bem-estar à Europa. Um ideal que nos dias de hoje obrigada a Europa e os países europeus a darem outros passos pela manutenção dessa mesma paz e bem-estar.