Na noite de sábado, o Irão colocou em marcha um ataque a Israel, em resposta ao ataque israelita ao consulado iraniano em Damasco, no dia 1 deste mês. Nessa altura, o sucedido deixou sete membros da Guarda Revolucionária mortos.

O Irão prometeu entretanto retaliar, tendo os Estados Unidos alertado para a possibilidade de Teerão responder durante o fim de semana, como veio de facto a acontecer.

Como foi este ataque?

Teerão disparou 170 'drones', mais de 30 mísseis de cruzeiro e mais de 120 mísseis balísticos, disse o contra-almirante israelita Daniel Hagari.

Vários mísseis balísticos atingiram território israelita, causando pequenos danos numa base aérea, indicou ainda Hagari, notando que o resultado da defesa foi um "êxito estratégico muito significativo".

Houve registo de vítimas?

Socorristas disseram que uma menina de sete anos ficou gravemente ferida numa localidade beduína no sul de Israel, aparentemente num ataque de míssil, embora tenham referido que a polícia ainda está a investigar as circunstâncias dos ferimentos, informou a agência de notícias Associated Press.

O serviço israelita de emergência médica Magen David Adom já tinha dado conta de um outro ferido grave, um rapaz de 10 anos atingido por estilhaços depois de a defesa antiaérea ter intercetado um 'drone' lançado pelo Irão, perto da cidade israelita de Arad, também no sul de Israel.

Este foi um ataque isolado por parte do Irão?

O chefe das forças armadas iranianas frisou que o ataque realizado durante a noite contra Israel "alcançou todos os seus objetivos" e garantiu que não tem intenção de continuar esta operação.

Por sua vez, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, classificou o ataque lançado por Teerão contra Israel como uma “medida defensiva” e de “legítima defesa”, numa resposta “às ações agressivas do regime sionista [Israel] contra os objetivos e interesses do Irão”.

Num comunicado publicado na sua página de internet, Ebrahim Raisi, realçou que o ataque foi “uma ação militar decisiva”, apesar de o Exército israelita ter afirmado que a grande maioria dos ‘drones’, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos lançados por Teerão foram intercetados.

Então pode voltar a acontecer?

Depende das decisões israelitas. O presidente do Irão deixou um recado: caso Telavive ou os que apoiam aquele país “mostrem um comportamento imprudente, receberão uma resposta muito mais decisiva e violenta”.

“Durante os últimos seis meses, e especialmente durante os últimos dez dias, o Irão usou todas as ferramentas regionais e internacionais para chamar a atenção da comunidade internacional sobre os perigos mortais face à inação do Conselho de Segurança das Nações Unidas [ONU], diante das contínuas violações do regime sionista”, referiu.

O que diz a União Europeia sobre o sucedido?

A União Europeia afirmou hoje que uma nova escalada de tensão no Médio Oriente “é do interesse de ninguém” e instou as partes envolvidas no conflito, Israel e Irão, a “agirem com a máxima contenção” depois de ataque iraniano.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, numa declaração escrita em nome da União Europeia, condena os ataques iranianos com recurso a ‘drones’ e mísseis contra Israel, classificando-a como um escalar “sem precedentes” das tensões e uma ameaça “à segurança regional”.

“A União Europeia continua comprometida em contribuir para a segurança da região e está em contacto próximo com todos os lados”, acrescentou ainda.

Além disso, também os líderes do G7, o grupo dos países mais ricos do mundo, “condenaram unanimemente o ataque sem precedentes do Irão a Israel”, segundo o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

O representante europeu disse que continuarão a ser feitos “todos os esforços para desanuviar a situação”, nomeadamente “acabar com a crise em Gaza o mais rapidamente possível, em particular através de um cessar-fogo imediato”.

E Portugal?

O presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou hoje uma reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional para terça-feira, para discutir a situação no Médio Oriente, após o ataque.

Já o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, condenou o ataque do Irão a Israel, apelando à contenção nas hostilidades para "evitar uma escalada de violência".

*Com Lusa