"Não é um bom momento" para o Chega
Edição por Alexandra Antunes
Depois do caso do deputado Miguel Arruda, que foi constituído arguido por suspeita do furto de malas no aeroporto de Lisboa, outros dois casos vieram hoje a público sobre membros do Chega.
O deputado do Chega no parlamento açoriano foi apanhado numa operação stop da PSP na ilha das Flores, tendo acusado 2,25 gramas de álcool no sangue, uma situação que configura crime.
O caso ocorreu na madrugada do último domingo, 2 de fevereiro, quando o deputado regional estava a regressar a casa.
"Reconheço agora que, naquele momento, não soube avaliar a gravidade da minha atitude e falhei ao não perceber o risco que coloquei a mim e aos outros utilizadores da via pública. Foi uma escolha irracional, da qual me envergonho", escreveu o deputado, numa publicação no Facebook.
O deputado da Assembleia Municipal de Lisboa e vice-presidente da distrital de Lisboa do Chega, que entretanto renunciou ao mandato, está acusado pelo Ministério Público de dois crimes de prostituição de menores.
Em causa esteve um encontro marcado através do Grindr, uma aplicação usada entre homossexuais, com um rapaz de 15 anos.
Foi avançado que houve prática de sexo oral "mútuo" e o adolescente recebeu um código através de MbWay para levantar 20 euros. Os pais denunciaram o caso à Polícia Judiciária após terem visto as mensagens no telemóvel do filho.
O que diz André Ventura?
O presidente do Chega admitiu hoje que este "não é um bom momento" para o partido, mas recusou que a sua liderança esteja fragilizada por dirigentes terem sido acusados de prostituição de menores, furto ou condução sob efeito de álcool.
"Estou aqui para assumir os melhores momentos e os piores momentos. Este não é um bom momento", afirmou, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, dizendo que deixa "aos portugueses esse julgamento", pois depende "do voto das pessoas".
"A liderança do partido está nas mãos dos militantes do partido. Essa não é uma questão para agora, essa não é uma questão do momento", defendeu.
Dizendo que o presidente "é sempre o responsável político do que ocorre no Chega", Ventura salientou que "quando exige aos outros limpeza, faz essa limpeza, quando exige aos outros justiça, não ataca a justiça, agradece à justiça, quando há casos no seu próprio partido, não olha para o lado, nem se esconde no gabinete".
"Um líder não escolhe os casos, mas escolhe a reação que tem aos casos, escolhe a reação que tem àquilo que acontece. A minha é dizer-lhes que têm que sair", salientou, alegando ser diferente de outros líderes partidários, e que o Chega não tem "certamente mais casos do que o PSD, o PS e todos os outros".
O presidente do Chega disse que "nunca" fugiu à sua responsabilidade enquanto líder do partido, e "não é agora" que o vai fazer", estando aqui para "assumir os melhores momentos e os piores momentos".
*Com Lusa
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