A luta continua fora da sala de aula
Por Inês F. Alves
O fim de semana ficou marcado pela marcha de milhares de professores, pelas ruas de Lisboa, em defesa de melhores condições na profissão e na escola pública. Enquanto a PSP fala em cerca de 20 mil participantes, o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) apontava para 100 mil. Da esquerda à direita, a oposição solidarizou-se com os docentes e António Costa prometeu condições de maior estabilidade para estes profissionais.
“Temos de olhar seriamente para a forma como muitos dos professores exercem a sua atividade desde há muitos anos. Por isso, no programa do Governo está previsto um novo modelo de vinculação. Abrimos negociações nesse sentido, as negociações prosseguem para a semana [esta semana] e temos três objetivos principais nessas negociações, tendo em vista um acordo” com os diferentes sindicatos, disse Costa.
Ainda no domingo à noite, a RTP avançava que o governo está disponível para “vincular professores ao fim de três contratos”, tal como sucede com a restante função pública, e que a tutela pretende ainda reconfigurar os quadros de zona pedagógica com o objetivo de reduzir as áreas geográficas para que os professores possam diminuir as deslocações para dar aulas. O Ministério da Educação pretende ainda abrir lugares de quadro de escola para fixar os professores nos estabelecimentos de ensino.
A próxima ronda de negociação está marcada para 18 e 20 de janeiro, mas enquanto as diligências têm lugar, os professores continuam em luta.
Hoje arrancou uma greve de professores por distrito, que vai prolongar-se por 18 dias.
Segundo o secretário-geral da Fenprof, a adesão de professores no distrito de Lisboa é "superior a 90%", com muitas escolas fechadas. Além disso, Mário Nogueira acusou as autoridades de enviarem inspetores aos estabelecimentos durante a manhã.
Depois de Lisboa, a paralisação prossegue em Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu, terminando no Porto no dia 08 de fevereiro.
Esta greve realiza-se ao mesmo tempo em que decorrem outras duas paralisações: uma greve por tempo indeterminado, convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (STOP), que se iniciou em 9 de dezembro e vai manter-se, pelo menos, até ao final do mês, e uma greve parcial ao primeiro tempo de aulas convocada pelo Sindicato Independente de Professores e Educação (SIPE), que deverá prolongar-se até fevereiro.
Os professores não só contestam algumas das propostas apresentadas pelo Ministério da Educação no âmbito da negociação da revisão do regime de mobilidade e recrutamento de pessoal docente, mas reivindicam também soluções para problemas mais antigos, relacionados com a carreira docente, condições de trabalho e salariais.
Não sei se já alguma vez o meu caríssimo leitor ouviu falar do mais hilariante livro alguma vez publicado sobre a língua inglesa. Foi escrito por um português. Continuar a ler