Em declarações aos jornalistas numa concentração que está a decorrer hoje no Rossio, em Lisboa, Mário Nogueira fez um balanço do primeiro dia da greve promovida pela Federação Nacional de Professores (Fenprof) e outras sete organizações sindicais, pedindo para que, nos próximos dias, a adesão continue a aumentar.
“A greve de hoje em Lisboa está com uma adesão superior a 90%. É uma greve extraordinária, com inúmeras escolas fechadas, apesar de o ministério ter posto hoje a inspeção a ir às escolas”, afirmou Mário Nogueira.
O sindicalista disse que ao longo da manhã de hoje, a Fenprof recebeu “vários telefonemas de diretores preocupados porque a inspeção está a entrar pelas escolas e a pressionar para que a escola esteja aberta, nem que haja só um professor que não está a fazer greve”.
Mário Nogueira alertou que manter as escolas abertas com poucos trabalhadores provoca insegurança, defendendo que o motivo da presença dos inspetores ainda não é conhecido, mas “só pode ser para atemorizar as direções” das escolas.
“Isto não é democrático e mostra preocupação. O que é que temos de fazer perante isto, se hoje é 90% (de adesão), amanhã tem de ser 95% e depois 98%, e tem de continuar a crescer”, defendeu.
Centenas de professores de escolas do distrito de Lisboa que hoje aderiram ao primeiro dia de greve estiveram durante a manhã concentrados na Praça do Rossio, munidos de cartazes onde se destacava a palavra “Respeito”.
A greve de professores por distritos, convocada por uma plataforma de oito organizações sindicais, começou hoje e prolonga-se por 18 dias.
Depois de Lisboa, na terça-feira será dia de greve em Aveiro, seguindo-se Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu, terminando no Porto a 08 de fevereiro.
Esta semana, os sindicatos têm reuniões agendadas com responsáveis do Ministério da Educação para discutir, entre outras matérias, o novo modelo de recrutamento e colocação de professores, que tem sido um dos assuntos que tem gerado mais contestação.
Mário Nogueira recusou as criticas de os sindicatos terem avançado para uma greve antes de terminadas as negociações, lembrando que as negociações começaram no ano passado e que a Fenprof tinha anunciado em dezembro que iria esperar até 10 de janeiro para ter respostas da tutela.
“A greve não começou antes, a greve começa hoje”, afirmou Mário Nogueira, acrescentando que “a greve começa porque não houve respostas até dia 10 e o ministério decidiu fazer um braço de ferro com os professores e não dar resposta”.
A Fenprof é uma das organizações convocada para reunir com responsáveis do ministério a 20 de janeiro e Mário Nogueira deixa o aviso: “Se no dia 20 as respostas não forem a que os professores estão a contar, a greve vai continuar e com uma adesão ainda maior do que aquela que teve até hoje”.
A greve das oito organizações sindicais realiza-se ao mesmo tempo em que decorrem outras duas paralisações: uma greve por tempo indeterminado, convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (STOP), que se iniciou em 09 de dezembro e vai manter-se, pelo menos, até ao final do mês, e uma greve parcial ao primeiro tempo de aulas convocada pelo Sindicato Independente de Professores e Educação (SIPE), que deverá prolongar-se até fevereiro.
Os professores contestam algumas das propostas apresentadas pelo Ministério da Educação no âmbito da negociação da revisão do regime de mobilidade e recrutamento de pessoal docente, mas reivindicam também soluções para problemas mais antigos, relacionados com a carreira docente, condições de trabalho e salariais.
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