"Ponto final, parágrafo". Rio volta a vencer diretas do PSD e garante que vai "ganhar as legislativas"
Edição de António Moura dos Santos
Foi apertado, muito apertado, mas Rui Rio ainda manda no PSD. Nas diretas do partido social-democrata, foi o atual líder a ser vencer e Paulo Rangel a sair derrotado.
De acordo com os resultados oficiais, ainda que provisórios, anunciados pelo Conselho de Jurisdição Nacional, Rui Rio foi reeleito presidente do PSD com 52,43% dos votos, contra os 47,57% do eurodeputado Paulo Rangel.
“Meus amigos, ponto final, parágrafo. Vamos mudar de capítulo. No dia 30 de janeiro temos um desafio pela frente que é ganhar as legislativas", disse Rui Rio, no discurso de vitória.
A diferença de quase cinco pontos percentuais obscurece aquilo que foi a disputa mais renhida de sempre do partido: apenas 1.725 votos distanciaram os dois candidatos, batendo o ‘recorde’ de 2020, quando Rio tinha vencido Luís Montenegro por 2.071 votos. Ao longo da tarde, a votação parecia que ia ser mais concorrida do que foi, já que dos 46.664 inscritos, votaram 35.991 militantes.
Apesar de ser encarado com quase proscrito quando Paulo Rangel anunciou a sua candidatura, apoiada por várias das distritais mais fortes do país — tanto que se chegou a duvidar de que concorresse à reeleição —, Rui Rio voltou a sorrir numas diretas, depois de levar vencidos Santana Lopes em 2018 e Montenegro em 2020. Aliás, menos de duas horas depois de fechadas as urnas, já Paulo Rangel vinha reconhecer a derrota algo surpreendente.
Estes são os dados a reter:
Perante esta surpresa, Rio deixou recados às estruturas do seu partido, dizendo que a sua foi “uma vitória dos militantes de base”, aconselhando os líderes concelhios e distritais a procurarem uma maior ligação a estes.
Rangel fez o que lhe competia, admitindo a derrota, congratulando o vencedor, garantindo uma “colaboração leal e efetiva” das suas fações com a liderança e defendendo que a realização das eleições internas até foi benéfica para legitimar Rio, que irá “com mais força” para a disputa com o PS e António Costa.
No entanto, como se costuma dizer que “gato escaldado de água fria tem medo”, Rio tem dúvidas das promessas de lealdade da sua oposição interna. “Já aprendi que muitos dizem que querem unidade e depois não querem unidade”, disse.
É com este PSD que o seu presidente terá de contar para ir a eleições legislativas em 2022. Apesar das eleições demonstrarem o quão dividido está o partido, Rio parte com confiança, garantindo que vai ganhar e que estas diretas o deixaram “picado” para fazê-lo.
Para levar esse projeto a bom porto, Rio terá como primeiras missões desenhar a lista de deputados e o programa às legislativas. Se o segundo ponto parece menos complicado — a sua direção já tem um projeto relativamente definido desde 2019 —, o primeiro é a dor de cabeça mais aguda.
Ao contrário de Rangel o processo prometia gerar polémica, que defendeu durante a campanha interna que devia ser o líder eleito a formular a lista de deputados, Rio escudou-se nos estatutos do partido, que atribuem à Comissão Política Nacional (CPN) a tarefa de propor essa lista ao Conselho Nacional, órgão com a competência de a aprovar.
Com a reeleição de Rio, a questão de quem é o responsável máximo está resolvida, mas, lá está, dificilmente o processo será pacífico, depois de muitos dirigentes distritais e concelhios terem apoiado Paulo Rangel e o atual e futuro presidente já ter perdido várias votações recentes em Conselho Nacional.
O prazo limite para a entrega da lista de deputados para as legislativas de 30 de janeiro termina em 20 de dezembro, um dia depois de terminar o Congresso do partido, que decorrerá entre 17 e 19 de dezembro, na FIL, em Lisboa.
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