“Sempre insisti que as eleições internas fossem feitas (…) Julgo que, depois de hoje, ninguém tem dúvidas de que tinha razão: que o processo eleitoral interno não prejudicava o PSD, mas que, tendo sido feito como foi, naturalmente reforçaria a legitimidade do líder”, considerou, na conferência de imprensa em que assumiu a derrota nas eleições diretas.
Rangel disse não ter dúvidas que “o agora reeleito presidente do PSD”, Rui Rio, “sai com mais força para as legislativas do que se este processo não tivesse tido lugar”.
“Foi uma prova democrática muito importante para o partido e que vai ter consequências muito positivas para o PSD nas legislativas”, previu.
Nas respostas aos jornalistas, Rangel recusou fazer uma análise dos motivos que estiveram na base da sua derrota.
“Eu candidatei-me porque tinha uma estratégia diferente do candidato que ganhou, os militantes do PSD escolheram a outra estratégia e o outro protagonista para a executar”, apontou.
Questionado se poderá protagonizar uma terceira candidatura à liderança do PSD, no futuro, depois de ter sido derrotado em 2010 e hoje, Rangel respondeu: "É uma coisa que não antevejo", embora acrescentando já ter a experiência suficiente para não fechar totalmente qualquer cenário.
Quanto ao seu futuro próximo, Rangel garantiu que irá cumprir "até ao fim" o seu mandato como eurodeputado.
Depois de revelar que já tinha felicitado Rui Rio pela vitória, e de ter tido uma conversa com o presidente reeleito, o eurodeputado dirigiu ainda o discurso para um “apelo à unidade” com vista às legislativas de 30 de janeiro.
“Da minha parte e dos que me apoiaram, haverá uma colaboração leal e efetiva”, assegurou.
O eurodeputado frisou que, nas legislativas, o PSD terá que ter como “único adversário António Costa e o PS”.
“Tenho a certeza que todos os militantes que votaram em mim estão empenhados em que o PSD possa ter uma excelente vitória em 30 de janeiro”, afirmou.
Questionado até onde irá a sua disponibilidade para essa unidade, Rangel assegurou que participará na próxima campanha legislativa “a apoiar o PSD”.
“Continuarei, na minha função que é ser eurodeputado, a trabalhar lealmente com a liderança que existe”, afirmou.
E à pergunta se “fez as pazes” com Rio nessa conversa telefónica que tiveram hoje, Rangel contrapôs que “nunca” estiveram em guerra.
“Tive sempre uma relação de estima e de respeito pelo dr. Rui Rio. A minha relação de respeito e de estima e, até de grande franqueza, manteve-se igual”, afirmou.
Rangel voltou a rejeitar fazer uma distinção entre os militantes e as estruturas do partido, que o apoiavam, na sua grande maioria.
“Todos os militantes são livres e votam livremente, essa distinção é artificial e até prejudicial ao PSD”, afirmou.
“Os líderes das estruturas são militantes tão eleitos como o presidente do partido e há muitos dirigentes partidários que apoiaram Rui Rio e não a mim”, acrescentou.
Questionado se espera que o reeleito presidente integre nas listas de deputados alguns dos seus apoiantes, Rangel recusou essa expressão.
“Votaram em mim ou apoiaram-me, sendo assim são livres de conduzirem os seus próprios percursos. Aquilo que eu espero é que haja sinais de unidade e julgo que vai haver”, afirmou.
Ainda antes das 22h00, a candidatura de Paulo Rangel reconheceu a derrota nas eleições diretas para a presidência do PSD.
Rangel falou perante uma plateia com cerca de 70 cadeiras e algumas pessoas em pé, entre os quais o ex-candidato à liderança Miguel Pinto Luz, alguns líderes distritais como Alberto Machado ou Pedro Alves, os deputados Alexandre Poço (líder da JSD), Pedro Pinto, Emídio Guerreiro ou e Duarte Marques e os antigos dirigentes Miguel Morgado e Sofia Galvão.
O atual líder do PSD, Rui Rio, e o eurodeputado Paulo Rangel disputaram hoje a presidência do partido, em eleições diretas em que podiam votar cerca de 46.000 militantes.
O 39.º Congresso do partido vai realizar-se entre 17 e 19 de dezembro, na Feira Internacional de Lisboa.
Com este resultado, Rui Rio, que lidera o PSD desde janeiro de 2018, manter-se-á como o 18.º presidente do partido.
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