De acordo com os resultados oficiais, ainda provisórios, anunciados pelo Conselho de Jurisdição Nacional, Rui Rio foi reeleito presidente do PSD com 52,43% dos votos, contra os 47,57% do eurodeputado Paulo Rangel.
O prazo limite para a entrega da lista de deputados para as legislativas de 30 de janeiro termina em 20 de dezembro, um dia depois de terminar o Congresso do partido, que decorrerá entre 17 e 19 de dezembro, na FIL, em Lisboa.
Se a vitória tivesse sido de Paulo Rangel o processo prometia gerar polémica, já que o eurodeputado defendeu durante a campanha interna que devia ser o líder eleito a conduzi-lo, enquanto Rio invocada os estatutos que atribuem à Comissão Política Nacional (CPN) a tarefa de propor essa lista ao Conselho Nacional, órgão com a competência de a aprovar.
Com a reeleição de Rio, a questão de quem é o responsável máximo está resolvida, mas dificilmente o processo será pacífico, depois de muitos dirigentes distritais e concelhios terem apoiado Paulo Rangel e o atual e futuro presidente já ter perdido várias votações recentes em Conselho Nacional.
"Fazer listas com nomes, seja para o Conselho Nacional, para a Comissão Política Nacional, seja o que for, é sempre difícil em qualquer partido. No nosso sempre foi e continuará a ser”, admitiu, no seu discurso de vitória no sábado.
Segundo o calendário já aprovado pela direção, o prazo para as distritais aprovarem as suas escolhas termina já na terça-feira, abrindo-se depois até 06 de dezembro um período de negociações com a Comissão Política Nacional. O Conselho Nacional para aprovar as listas já foi marcado para 07 de dezembro (com uma segunda data para dia 10, caso ‘chumbem’ na primeira tentativa).
Entre as decisões sobre a lista, estará a de saber se o PSD vai a votos sozinho ou com o CDS-PP: apesar de numa reunião da Comissão Política Nacional a maioria dos seus membros ter manifestado preferência pela primeira opção, o tema não chegou a ir a votos, e, esta semana à Renascença, Rio prometeu levar novamente à direção a proposta de um acordo pré-eleitoral com os democratas-cristãos.
Até ao Congresso, dentro de três semanas, Rio terá ainda de apresentar as suas escolhas para os órgãos nacionais, em particular para a Comissão Política Nacional, e já sabe que pelo menos um dos seus vice-presidentes desde 2018, Nuno Morais Sarmento, não irá manter-se no cargo por vontade do próprio.
Outra tarefa do presidente do PSD será a elaboração do programa eleitoral do partido, que deverá atualizar o texto já apresentado às legislativas de 2019, com os documentos entretanto produzidos pelo Conselho Estratégico Nacional (CEN) do partido.
A moção de estratégia “Governar Portugal” com que Rio se candidatou à liderança do PSD foi um texto curto, com apenas 18 páginas, centrado em mensagens políticas e em que se remetia várias vezes para a sua proposta de estratégia global de há dois anos ou para o anterior programa eleitoral.
Na próxima legislatura, e em função dos resultados eleitorais, Rio terá de decidir se avança com dois diplomas apresentados publicamente durante a sua direção, mas não entregues no parlamento devido à dissolução: o projeto de revisão constitucional e o de revisão da lei eleitoral para a Assembleia da República.
No sábado, tal como na campanha, Rio manifestou abertura para possíveis acordos de governação pós-legislativas, dizendo que “vai a eleições democráticas” para “ganhar” e que irá “respeitar essas eleições quer ganhe, quer perca”, esperando a mesma postura dos outros partidos.
Rui Rio é presidente do PSD desde 2018 e, com a reeleição de sábado, deverá tornar-se o terceiro líder mais duradouro à frente dos sociais-democratas, atrás de Cavaco Silva e Passos Coelho.
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