13 de abril. O dia em que o depois começou a ser mais importante do que o agora
Edição de Rute Sousa Vasco
Nos últimos dias tem se intensificado o debate sobre o regresso à vida lá fora. Muitos acreditam que vai ser mais complicado convencer a maior parte dos portugueses a sair de casa do que foi a ficar em casa. Uma preocupação que se agrava quando a liquidez prometida à economia ainda não chegou à maior parte das empresas.
É a pensar na reaprendizagem social que um conjunto de profissionais de saúde, de gestores e empresários escreveram uma carta enviada ao Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e ao primeiro-ministro em que recordam que é fundamental criar uma alternativa “a novos períodos de ‘lockdown’ – que se apresentam como um modelo cego e com impacto na economia de um país”.
Não é a única reflexão que decorre depois de quatro semanas de quarentena cumpridas por uma parte substancial da população e do respetivo tecido económico. Há quem olhe para as lições a retirar dos acontecimentos dos últimos meses e, sem nunca pronunciar o nome China, defenda uma nova estratégia industrial para a Europa que passe pela relocalização de fábricas e centros logísticos.
O presidente da CIP, António Saraiva, é uma dessas vozes.
“Se há aspeto que esta crise nos convoca é precisamente para essa reflexão da excessiva deslocalização e desindustrialização que os países fizeram, e Portugal não foi exceção. É preciso promovermos esta reflexão e, mais do que isso, a tomada firme de medidas estratégicas que nos façam depender gradualmente menos de determinadas regiões geográficas implementando uma estratégia de reindustrialização da Europa”, afirma.
E é também a olhar para o futuro da economia que António Costa vai ouvir economistas e académicos esta terça-feira. O primeiro-ministro reúne-se por videoconferência com académicos e economistas para recolher contributos sobre a atual situação económica e as medidas para relançar a atividade, no contexto da crise pandémica.
A fechar a noite de segunda-feira, Mário Centeno, foi à TVI falar do acordo "conquistado" na passada sexta-feira entre os países da zona Euro e também do tal regresso à normalidade de que todos queremos saber. O ministro das Finanças português avançou que a economia portuguesa poderá voltar a ter números idênticos aos de 2019 dentro de dois anos, se a crise provocada pela covid-19 for contida entre abril e junho.
"As estimativas que existem e apresentaremos brevemente números nesse sentido estão enquadradas em factos que vão desde 6,5% do PIB anual por cada 30 dias úteis em que a economia esteja, como ela está hoje em Portugal", disse, avisando que este impacto dos 30 dias úteis no PIB (Produto Interno Bruto) "não é linear" e vai-se deteriorando à medida que o tempo passa.
O também presidente do Eurogrupo reforçou a mensagem de que a resposta a esta crise terá de ser coordenada a nível europeu e salientou que a reunião do Eurogrupo, que terminou com um acordo sobre um pacote de ajuda financeira de emergência no valor de mais de 500 mil milhões de euros aos Estados-membros, não é “o fim da linha”, mas uma forma de garantir que todos os países têm capacidade financeira para responder aos desafios que se colocam perante a pandemia do novo coronavírus.
Covid-19, podemos, com alguma probabilidade, arriscar que concluímos o primeiro round. Continuamos no ringue, continuamos em combate, mas a técnica já é outra.
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A série 20/30 Perguntas para daqui até 2030 está de regresso ao SAPO24 agora que recuperamos, aos poucos, a nossa capacidade de pensar futuro.
A convidada deste programa é Elvira Fortunato a quem já chamaram Cristiano Ronaldo da Ciência. Tem 55 anos e é uma referência da ciência em Portugal. Quando olha para o futuro diz que ele "é verde", mas ressalva que se queremos jogar na Liga dos Campeões há que agarrar oportunidades — até porque "os eletrões portugueses não são diferentes dos eletrões japoneses ou americanos".