Das discotecas à vacinação, julho termina com confusões a gosto
Edição por António Moura dos Santos
Ao que tudo indica, é já amanhã, um de agosto, que começa o processo de “libertação da sociedade e da economia”, como batizou António Costa o novo modelo de desconfinamento para o país.
Terminada a conferência desta quinta-feira, o modelo esquematizado de medidas para cada uma das três fases que se avizinham parecia não deixar margem para dúvidas. Só que deixou.
Um dos aspetos mais negativos do documento — pelo menos, para os empresários desse setor — era a admissão de que apenas em outubro seria possível proceder à reabertura dos bares e discotecas.
A medida parecia fazer sentido no papel: sendo espaços, por definição, fechados e com pouca ventilação, são dos mais complicados de gerir com a pandemia ainda ativa. Por isso mesmo, a sua reabertura ocorreria numa fase em que já 85% da população estivesse vacinada.
Não foi isso que aconteceu. Menos de duas horas depois, o Governo esclareceu que afinal os bares poderiam abrir este domingo, sujeitando-se às mesmas regras aplicadas aos restaurantes.
Quis isso dizer que, abrindo-se os bares, os clientes teriam de manter-se sempre sentados e respeitando o limite de seis membros por mesa. Mais: também aqui haveria a obrigação de apresentar um certificado digital de vacinação ou um teste negativo à covid-19 às sextas-feiras a partir das 19:00, ao fim de semana e aos feriados.
Primeiro volte-face, portanto. Faltavam as discotecas.
Ao início da tarde de hoje, a Associação Discotecas Nacional (ADN), após esclarecer-se junto do Governo, disse que as discotecas com código de Classificação das Atividades Económicas (CAE) de bar também poderiam reabrir este domingo e funcionar até às 02:00, desde que, lá está, seguissem as regras da restauração.
O insólito desta situação é que foi provocada por dois artigos de um mesmo documento legislativo:
À Lusa, o gabinete do ministro da Economia não confirmou, categoricamente, que as discotecas podem reabrir com as regras da restauração, mas com o CAE de bar é possível que o façam.
O presidente da ADN, José Gouveia apelou entretanto para que não abram portas, não só porque correm riscos, como também porque o horário de abertura até às 2 da manhã não é vantajoso. Ao invés, é preferível “absorver os apoios que o Estado poderá dar e em outubro, talvez até em setembro - tentar lutar para que seja um pouco mais cedo -, reabrir com toda a pompa e circunstância",
As limitações, porém, não se limitam aos bares e discotecas. Outro dos temas que tem vindo a dominar as atenções é a vacinação de crianças entre os 12 e os 15 anos.
Antes mesmo da informação oficial da DGS, a hora de almoço de ontem foi marcada por algumas notícias, depois desmentidas, de que a vacinação iria avançar para estas idades. Segundo a SIC, terá sido o Governo a adiantar essa informação, mais tarde negada pela DGS.
A decisão oficial surgiu ao final do dia: afinal, apenas jovens entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades graves seriam priorizados na vacinação; os restantes poderiam ser também vacinados, mas apenas mediante pedido médico, já que a DGS precisa de mais dados para recomendar a vacinação universal.
Isso, contudo, não foi o que aconteceu na Madeira. A vacinação a partir dos 12 anos já tinha sido anunciada durante a semana, mas, sem o aval da DGS, restava saber se iria em frente. Hoje de manhã deu-se a confirmação: haveria um "open day" de vacinação, ou seja, sem agendamento, para todos aqueles que se deslocassem ao Centro de Vacinação do Funchal.
“A Madeira segue as recomendações da Agência Europeia do Medicamento e tem como grande objetivo acelerar a vacinação nesta Região Autónoma para maior proteção da população”, afirmou fonte do gabinete do secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, lembrando que a região “tem autonomia e as especificidades regionais podem determinar outras orientações” nesta área”.
Ao início da tarde, eram já 234 jovens adolescentes entre os 12 e os 17 anos os vacinados. À adesão, Pedro Ramos reagiu com regozijo, falando num “um sinal de maturidade, de cidadania daqueles que pertencem a este escalão etário”.
A Madeira, recorde-se, já tem mais de metade da população adulta residente no arquipélago inoculada com a segunda dose. Na próxima quarta-feira, haverá outro “open day”.
Depois de dezassete meses de pandemia e na véspera do país avançar todo à mesma velocidade no desconfinamento, as comunicações oficiais, contudo, continuam a pautar-se por acrescentos, esclarecimentos e confusão generalizada. Tem sido referido, desde que a Covid-19 atravessou as nossas fronteiras, o quão importante é comunicar bem, para criar confiança no público e legitimar as decisões. Essa, aliás, tem sido a bitola de Marcelo Rebelo de Sousa nos últimos meses. Resta esperar que, daqui até à "libertação", as coisas sejam mais claras.
Dia de decisões. Este domingo há medalhas em jogo. A primeira é já de madrugada e pode ser preciso que prepare um café. Às 2:35, Auriol Dongmo, campeã da Europa em pista coberta, disputa a final do lançamento do peso. Já às 12:20, Patrícia Mamona vai à final do triplo salto. Antes, porém, às 1:00, Portugal defronta o Japão no último jogo da fase de grupos de andebol. Vencendo, segue para os quartos de final.
Mais uma qualificação. Liliana Cá apurou-se para a final do lançamento do disco ao conseguir 62,85 metros no segundo ensaio, conseguindo o oitavo lugar na qualificação. Na segunda-feira, lança-se na conquista da medalha.
E uma suspensão. O atleta queniano Mark Odhiambo teve um controlo antidoping positivo, o primeiro destes Jogos Olímpicos. O corredor foi suspenso provisoriamente, a poucas horas de competir nas eliminatórias dos 100 metros.
A história. Continua o ocaso de Simone Biles. A ginasta norte-americana renunciou a mais duas finais, a decorrer este domingo, de salto e barras assimétricas, justificando a decisão com fragilidade psicológica. Resta saber se pode participar nas finais de solo (segunda-feira) e de trave (terça-feira).
O insólito. Lasha Shavdatuashvili e Vazha Margvelashvil, dois judocas da Geórgia, foram expulsos dos Jogos Tóquio2020 por terem saído da aldeia olímpica para fazer turismo, violando as regras impostas devido à pandemia de covid-19.
O SAPO24 está a acompanhar os Jogos Olímpicos de Tóquio2020, pelo que pode encontrar toda a informação sobre a competição aqui.
Atualidade
Como a sociedade, Maria Emília Brederode Santos, presidente do CNE e especializada em Ciências da Educação, considera que o ensino em Portugal tem de se modernizar, apesar de todos os receios e críticas. Menos teoria e mais prática, para começar.