Marcelo e o discurso (quase) consensual
Edição por António Moura dos Santos
Na sua tradicional mensagem de Ano Novo, proferida ontem pelas 20:00, Marcelo Rebelo de Sousa, além do papel naturalmente agregador que um Presidente da República deve ter em comunicações destas, insistiu em alguns dos pontos que têm feito parte da sua retórica nos últimos dois anos: consolidar, decidir, reinventar, reaproximar, virar a página.
Após o início de 2021 que foi quase mais duro que o início de 2020 — não esquecendo a terrível segunda vaga da pandemia — Marcelo elogiou o país pela forma como conseguiu reerguer-se "no meio da pandemia, que teimou persistir no final do ano e que nos obriga, serena, mas teimosamente, a testar e a resistir, e a com ela aprender a conviver — com a paciência de quem já viveu quase 900 anos, já teve milhares de crises e ultrapassou-as o melhor que pôde".
Apesar dos elogios, a tónica do discurso do Presidente da República foi de estabelecer as guias para o futuro, pedindo para que se consolide "o percurso para a superação da pandemia", sendo que "de janeiro a março será um tempo crucial para que o inverno ajude a fechar um capitulo da nossa história e converta aflições em esperança". Para tal, será necessário que
Mas, para resolver estes problemas, é impossível não se referir à incógnita que se segue: as eleições legislativas de 30 de janeiro e a possibilidade destas não resultarem num Governo estável — havendo até temores de alguns que possa haver novas eleições ainda este ano se estas não forem esclarecedoras.
Por isso é que Marcelo pediu para que destas eleições saia "a Assembleia da República e o governo para os próximos quatro anos", sendo que este último deve ter "legitimidade renovada", que reflita "o pluralismo de opiniões e soluções. Um governo que possa refazer esperanças e confiança perdidas ou enfraquecidas, e garantir a visibilidade para as pessoas e os seus projetos de vida".
Foi, no fundo, um pedido para "virar a página", porque "o ano que findou prometia ser um fim e um recomeço, mas não foi. Esboçou esse recomeço, tarde e timidamente. O ano que hoje iniciamos tem de virar a página". "Retomemos a caminhada juntos. Eu estou presente mais do que nunca, e conto convosco mais do que nunca", concluiu.
Perante um discurso desta natureza agregadora, a resposta dos partidos foi, previsivelmente, consensual. Ou quase: da parte do Chega, André Ventura criticou Marcelo por ter falhado "no essencial" ao dar demasiado destaque à pandemia, sem "identificar os verdadeiros responsáveis pela crise que estamos a viver"; já Inês Sousa Real, da parte do PAN, apesar de saudar o discurso — especialmente pelas referências à crise climática —, lamentou não ouvir "uma palavra do senhor Presidente relativamente" ao voto de quem estiver confinado devido à covid-19.
De resto, a postura foi de consenso quanto às palavras de Marcelo:
E se é de consensos que se fala, um grupo constituído por 31 personalidades revelou ontem uma petição na qual pede a PS, BE, PCP e PEV que formem maioria parlamentar após eleições.
No texto, onde consta a assinatura do ex-dirigente comunista Carlos Brito, do capitão de abril Carlos Matos Gomes ou do ex-deputado do PS Pedro Bacelar de Vasconcelos, os signatários indicam que decidiram juntar-se para “promover o entendimento das forças de centro-esquerda e esquerda, visando constituir uma maioria parlamentar e um Governo que tenha como propósito a aplicação de medidas indispensáveis para a melhoria do bem-estar da população”.
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Mais de três dezenas de personalidades endereçaram hoje uma petição às direções do PS, BE, PCP e PEV em que apelam a um “entendimento das forças de centro-esquerda e esquerda” para formar uma “maioria parlamentar” depois das legislativas.
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