Uma bomba-relógio chamada EUA
Edição por António Moura dos Santos
Diz-nos a Lei de Murphy que o que está mau, pode sempre piorar. Se, porventura, essa máxima for verdadeira, então os Estados Unidos são um exemplo disso mesmo.
Barril de pólvora à espera de rebentar no que à instabilidade concerne, o país já se encontrava a ser fustigado por uma pandemia descontrolada e caminhava para uma situação económica negra, mas a morte de George Floyd foi o que acendeu finalmente o rastilho.
Contam-se já seis dias desde que a morte deste cidadão afro-americano às mãos de um agente da polícia em Minneapolis motivou a saída de milhares de norte-americanos às ruas em fúria contra aquilo que acreditam ser a perpetuação do racismo sistémico das forças de segurança espalhadas um pouco por todo o país — como, aliás, foi referido no sábado, 30 de maio.
Apesar das ruas do país estarem mais militarizadas a cada dia que passa — para esta noite foram mobilizados mais 5000 membros da Guarda Nacional dos EUA para 15 estados onde têm ocorrido protestos — e de se multiplicarem as cidades com recolhimento obrigatório imposto, nem por isso a contestação tem cessado, pelo contrário. Os relatos, imagens e vídeos arrepiantes que chegaram na passada noite dão conta de situações cada vez mais extremas no território.
A contestação, atente-se, já transbordou para fora do país, tendo ocorrido ao longo do fim de semana manifestações em cidades como Toronto, Londres ou Berlim, sempre com a tónica do protesto anti-racista. E até já chegou ao futebol.
Perante este cenário, Trump tem mantido a mesma postura que adotou desde o início do seu mandato, optando por fomentar divisionismo ao invés de procurar apaziguar os ânimos. Depois de passar os últimos dias a ameaçar posições de força mais musculada, hoje, o Presidente dos EUA anunciou que ia formalmente classificar o movimento antifascista — formado por ativistas de esquerda — como uma organização terrorista, por considerá-los os principais fomentadores dos conflitos que deflagraram no país. No entanto, não só os “Antifa” não são uma organização, como rapidamente ficou patente que Trump não tem autorização legal para fazê-lo.
Os desafios amontoam-se para o líder norte-americano, que já estava a braços com uma situação pandémica que não parece dar sinais de cessar: segundo os dados mais recentes, os casos confirmados de covid-19 nos Estados Unidos subiram hoje para 1.779.853, atingindo as 104.081 mortes, segundo uma contagem independente da Universidade Johns Hopkins.
A matemática é simples de fazer: se o princípio basilar do controlo da pandemia é evitar ajuntamentos, os muitos milhares a caminhar lado a lado em desafio às autoridades estão a preparar um cocktail potencialmente letal no que toca a situações de contágio. Os especialistas sabem disso e, sem surpresas, estão preocupados.
Com a perspetiva de paz social a revelar-se neste momento uma absoluta miragem, resta-nos manter um olhar atento sobre os EUA. Mas uma coisa parece evidente: os segundos do relógio montado em cima da dinamite continuam a contar e não parece haver ninguém capaz de pará-lo.
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