Estando agora o relatório na posse do procurador-geral William Barr, o próximo passo consiste em Barr reportá-lo ao Congresso após conduzir uma análise do mesmo — algo que pode acontecer já este fim de semana, de acordo com o The Guardian, que cita uma carta enviada aos líderes do Comité Judicial do Senado.

"Continuo comprometido com a maior transparência possível, e vou mantê-lo informado sobre o status da minha revisão", pode ler-se na carta de Barr.

Termina assim uma investigação que durou quase dois anos sobre a interferência da Rússia na última eleição presidencial dos Estados Unidos. No entanto, Barr não tem obrigação de tornar o documento público, estando a analisá-lo para decidir qual o conteúdo que vai partilhar.

Não é ainda conhecido qualquer detalhe do conteúdo do relatório. Mas, no total, durante a investigação foram visadas 34 pessoas e três empresas.

Todavia, recorda a Reuters, a grande questão que agora se coloca é se o relatório contém ou não alegações de irregularidades por parte do próprio Trump — que tem classificado a investigação com sendo uma "caça às bruxas", tendo inclusivamente indicado no início do ano que "nunca trabalhou para a Rússia".

Contudo, mesmo que Robert Mueller não tenha encontrado provas de conivência entre Moscovo e a equipa de campanha do candidato presidencial republicano, os analistas pensam que ele poderá acusar Trump de ter tentado obstruir a investigação, devido a pressões verbais que exerceu sobre o então secretário da Justiça, Jeff Sessions, e o seu adjunto, Rod Rosenstein, ou ainda por ter demitido o então diretor da polícia federal (FBI), James Comey, em maio de 2017.

A investigação russa lançou uma suspeição sobre a presidência de Trump e enredou figuras importantes que eram próximas do seu círculo de confiança (tais como o seu antigo diretor de campanha Paul Manafort, o antigo assessor para a segurança nacional Michael Flynn e o advogado pessoal Michael Cohen) que ou já foram condenados ou já se declararam culpados pelos indícios encontrados por Mueller.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, já emitiu um curto comunicado em que afirma que "os próximos passos cabem ao Procurador-Geral Barr e aguardamos que o processo siga o seu curso. A Casa Branca não recebeu e não foi informada sobre o relatório do consultor especial".

Os advogados pessoais do presidente dos Estados Unidos, de acordo com a BBC, revelaram um sentimento semelhante, afirmando que estavam "agradados" pelo facto do relatório ter sido entregue, assim como aguardam que Barr "determine apropriadamente os próximos passos" a dar no futuro.

Em março, a Câmara dos Representantes votou favoravelmente uma resolução para tornar qualquer descoberta pública, de acordo com o New York Times. Segundo o jornal norte-americano, trata-se de uma indicação de que existe um parecer favorável de ambos os partidos para que nenhum material descoberto pelos procuradores fique indisponível.

[Notícia atualizada às 23:27]