“Donald Trump fez muitas coisas horríveis no Twitter. Desde encorajar supremacistas brancos a promover violência contra jornalistas, os tweets dele ferem o país e põe as pessoas em perigo. Mas ameaçar uma guerra nuclear com a Coreia do Norte leva-o para um novo nível de perigo.”

Esta é a premissa de Valerie Wilson, ex-agente dos serviços secretos norte-americanos, que, em nome da associação Global Zero, que luta contra o perigo nuclear, criou uma campanha de angariação de fundos para comprar a rede social Twitter (avaliada em 6 mil milhões de dólares, ou cerca de 5,07 mil milhões de euros).

A ideia é calar o presidente dos Estados Unidos da América, banindo-o daquela rede social, onde é particularmente ativo, tal como já o era antes de entrar na Casa Branca, a residência dos presidentes norte-americanos.

Para isso, Valerie quer comprar ações do Twitter, quantas mais ações comprar, mais poder a ex-agente terá dentro da empresa. Com a cotação atual, a compra de uma fatia com controlo suficiente para banir um utilizador custará cerca de 846 milhões de euros, “o pequeno preço a pagar para tirar o mais poderoso megafone das mãos de Trump e prevenir uma terrível guerra nuclear”, pode ler-se na página da campanha na plataforma Go Fund Me.

Porém, escreve o jornal norte-americano ‘New York Times’, mesmo com mil milhões de dólares reunidos, Valerie Wilson não conseguiria controlar a empresa. Todavia, era suficiente para fazer dela a maior acionista, dando-lhe uma forte posição dentro do Twitter.

No entanto, Valerie tem alternativas, caso não consiga reunir o valor necessário para mandar na rede social. “Se não conseguirmos uma maioria acionista, vamos explorar opções como comprar uma participação significativa na empresa e apresentar esta proposta na conferência anual dos acionistas”, escreve Valerie na campanha.

E acrescenta que, caso os planos saiam frustrados ou haja um excesso de financiamento na campanha, esse excesso irá a 100% para a Global Zero, organização sem fins lucrativos que se dedica a lutar contra a guerra nuclear.

Em oito dias, mais de duas mil pessoas contribuíram para a campanha, angariando mais de 61 mil dólares (cerca de 51 mil euros).

Mas o mercado de contribuidores pode ser maior. Uma sondagem da Morning Consult para o site ‘Politico’, mostra que grande parte dos eleitores norte-americanos quer ver Donald Trump fora do Twitter. 69% diz que o presidente dos Estados Unidos usa demasiado aquela rede social. 59% acham que o uso que Trump dá ao Twitter é uma coisa má, com alguns a dizer mesmo que é perigosa para a segurança do país.

Todavia, a saída de Donald Trump daquela rede social de mensagens curtas iria custar ao Twitter dois mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros). As contas são de James Cakmak, analista da Monness Crespi Hard & Co. “Não há melhor publicidade gratuita no mundo que o presidente dos Estados Unidos”, disse Cakmak na Bloomberg.

Trump é seguido por mais de 36,7 mil pessoas no Twitter, tendo publicado 35,6 mil mensagens de 140 caracteres desde março de 2009, altura em que se juntou à rede social com o nome @realDonaldTrump. Após oito anos, o 45.º presidente dos Estados Unidos da América soma apenas 45 nomes na lista de pessoas cujas atualizações segue.

Para o CEO do Twitter, porém, as publicações do presidente norte-americano na rede social que gere são importantes. E não está a falar dos 1,6 mil milhões de euros que Trump vale naquela rede social.

Pelo contrário, Jack Dorsey acredita que os tweets do presidente são importantes para lhe exigir responsabilidades. Para além disso, são um exemplo de transparência.

“Acredito que é realmente importante ouvir os nossos líderes diretamente. E acredito que é muito importante pedir-lhes responsabilidades. E acredito que é muito importante ter estas conversas à vista, em vez de as ter à porta fechada”, diz Dorsey, na entrevista dada em maio.

“Se de repente tirássemos estas plataformas, para onde iam [os discursos]? Iam para o desconhecido. E simplesmente acho que isso não é bom para ninguém”, acrescenta o homem que Valerie Wilson tem de convencer para banir Trump do Twitter.

Num comunicado por e-mail enviado ao jornal norte-americano ‘New York Times’, a secretária de imprensa da Casa Branca Sarah Huckabee Sanders diz que o valor reunido até então - esta quarta-feira a campanha tinha conseguido menos de 6 mil dólares (pouco mais de 5 mil euros) - mostrava que os norte-americanos gostam do uso que Trump dá ao Twitter.

”A tentativa ridícula [de Valerie Wilson] para acabar com a primeira emenda [de Trump] é a única violação clara e expressão de ódio e intolerância nesta questão”, cita o jornal.

A primeira emenda à constituição norte-americana diz que são proibidas quaisquer leis que imponham uma religião, que proíbam a liberdade religiosa, limitem a liberdade de expressão, de imprensa, por exemplo.

A identidade de Valerie Wilson, explica o jornal, foi revelada pela administração de George W. Bush em 2003, “num esforço para descredibilizar o marido, Joe Wilson, um antigo diplomata que criticou a decisão de invadir o Iraque”. A agente deixou a CIA em 2005, escreve o ‘New York Times’.

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