Foram 874 quilómetros, percorridos em 47 horas e 37 minutos. Um recorde que garantiu ao kitesurfer, de 31 anos, a possibilidade de bater o seu anterior registo no livro de ouro dos recordes mundiais: o Guinness.

O percurso de quase 48 horas, assim como a preparação para este desafio, são retratados num documentário com cerca de 50 minutos que resume o esforço do kitesurfer português nesta que foi, até ao momento, a sua grande aventura.

O desafio começou em 2013. Nesse ano, Francisco Lufinha bateu o recorde do mundo ao percorrer 564 quilómetros, a distância entre a Foz do Douro e Lagos, em 28 horas e 53 minutos. Como o desafio “correu tão bem resolvi tentar fazer todo o mar português”, explicou Francisco Lufinha ao SAPO24.

Em 2014 foi a vez de percorrer o território entre as Ilhas Selvagens, um subarquipélago da Madeira, e o Funchal, numa distância de 306 quilómetros. O derradeiro desafio chegou em 2015.

A partida para esta viagem pode ter sido a 5 de julho no Terreiro do Paço, e a chegada ao Funchal a 7 de julho. Mas o arranque da odisseia começou muito antes, com uma preparação física muito exigente, que durou cerca de um ano. “Num dia normal começava mais ou menos às 6h30 da manhã, com uma hora de corrida com o meu fisioterapeuta em Monsanto, depois ia nadar uma hora, cerca dois, três mil metros, ia fazer uma hora de bicicleta, só para mexer os joelhos, depois fazia mais uma hora de exercícios propriocetivos, que são exercícios de estabilidade articular, e depois ia para o mar o máximo número de horas possível fazer kitesurf”.

Aliado ao treino físico tinha também um rigoroso regime alimentar, sendo acompanhado por uma nutricionista, que além da alimentação para os treinos controlou também a alimentação para o próprio desafio.

“O desafio é sempre uma novidade, que é o que eu gosto”, explica Francisco Lufinha, acrescentando que “há muitas coisas que correm como planeado e há várias surpresas que acontecem, como por exemplo o vento. Estávamos à espera de ter um vento de uma certa intensidade e de uma certa direção, que me faria andar mais rápido, e não aconteceu”.

Francisco Lufinha não embarcou sozinho nesta odisseia. Tinha um barco de apoio a acompanhá-lo mas também nesse caso houve uma dose de surpresas. “A equipa do barco acaba por ficar tão cansada como eu e acabei por me perder uma vez do barco, à noite”, relembra o kitesurfer.

Estas e outras situações podem ser vistas no documentário que se encontra disponível online. “Quando tu fazes história há sempre imprevistos, é sempre uma novidade. Não conseguimos planear tudo e é impossível testar os desafios sem fazê-los”, explica.

A ideia de documentar a aventura em vídeo esteve presente desde o início. No final, foi o próprio kitesurfer que teve algumas surpresas. Nas 30 horas de imagens, Francisco assistiu a uma realidade diferente daquela que tinha experienciado, depois de o corpo ter cedido ao cansaço, o que lhe valeu algumas alucinações. O próprio assume que uma das grandes lições que retirou desta experiência foi a importância do descanso. “Nós precisamos mesmo de dormir”, conclui.

Apesar de ainda não haver uma data agendada para a próxima odisseia, o kitesurfer português assume que o próximo desafio está a ser pensado. Até porque ainda há muito mar para percorrer.