Se não conseguir ver esta newsletter clique aqui.

 
Image

Newsletter diária • 26 jan 2022

 
Facebook
 
Twitter
 
Instagram
 
 
 

A vacina e as questões do coração

 
 

Edição por António Moura dos Santos

A decisão de vacinar as crianças entre os 5 e os 11 anos contra a covid-19, recordemos, foi um processo sinuoso, com várias posições públicas contra esta medida. Por fim, a Direção-Geral da Saúde acabou levar adiante o processo de vacinação, ao concluir que eram mais os prós do que os contras.

Hoje, o seu Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares revelou mais alguns dados que apoiam essa decisão.

Tendo por base diversos artigos científicos publicados em revistas médicas e os documentos normativos das entidades sanitárias nacionais e internacionais — o que inclui os resultados da vacinação em mais de oito milhões de crianças entre os 5 e os 11 anos de idade — o parecer emitido adianta que é 60 vezes mais provável uma criança ter miocardite por infeção ao não ter sido vacinada do que ao sê-lo.

O documento concede que as causas da miocardite (inflamação do músculo cardíaco) em contexto de Covid-19 são ainda desconhecidas e que se supõe que "ocorre quando o sistema imune do próprio doente, em resposta à infeção, agride o coração, o que ainda não está provado".

No entanto, ao contrário de algumas informações que têm vindo a circular nos últimos meses, a vacinação não parece provocar essa mesma inflamação cardíaca. Foram reportados apenas 11 casos de miocardite em 8.700.000 de vacinas administradas entre os 5 e os 11 anos, e que “todas foram ligeiras e transitórias”.

Além disso, estudos recentes apontam que em adolescentes vacinados a possibilidade de ter síndrome inflamatória multissistémica (MIS-C) após infeção baixa em 91%.

A DGS sublinha ainda que as alterações cardíacas em crianças infetadas “não são desprezíveis e são mais complexas e graves do que as descritas após a vacina” e lembra que a miocardite em idade pediátrica após a vacinação “é muito rara, apresenta-se com sintomas ligeiros, evolução rápida e não aparenta ter complicações ou sequelas a longo prazo”.

Porém, apesar destes novos dados, hoje foi dirigida às autoridades de saúde uma carta aberta assinada por 27 subscritores, que pede a “suspensão cautelar” da vacinação contra a SARS-CoV-2 em crianças e jovens saudáveis, “até que se comprove a sua necessidade, benefício e segurança”, pedindo uma reavaliação dada a expansão da variante Ómicron.

Jorge Amil, pediatra e presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, deu a cara pelo grupo, sugerindo que "num pico de infeções com esta dimensão poderá ser prudente reavaliar-se o prosseguir com a vacinação, se para além de eficaz, se será seguro, e não fica nada mal fazer esta reavaliação continuada".

Na carta aberta, os signatários ressalvam que o apelo para suspender a vacinação diz respeito “à situação das crianças saudáveis e não se pretende qualquer extrapolação para adultos ou crianças com comorbilidades que acarretem risco acrescido de Covid-19”.

Questionado sobre as razões deste apelo quando está a terminar a campanha da vacinação das crianças, defendeu que a vacinação em curso não impede a disseminação da doença pela nova variante, exemplificando que nas populações escolares “a difusão tem sido enorme”.

A campanha de vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos arrancou nos dias 18 e 19 de dezembro de 2021, prosseguindo entre os dias 6 e 9 de janeiro. De 5 de fevereiro a 13 de março, podem vacinar-se as crianças que ainda não foram imunizadas e serão administradas as segundas doses.

 
 
 
 

Os temas quentes da campanha

 
 
  • Ponto final nos bichos?: António Costa ainda ensaiou mais uma metáfora animal ao dizer que "há gato" no programa de Rui Rio e do PSD em matérias de salário mínimo e pensões. Foi mais uma troca no bate-boca entre os dois candidatos com piadas sobre os seus respetivos animais de estimação. Ora, com esta fixação a ocupar em demasia o espaço público, outros concorrentes já vieram criticar esta tendência de falar sobre os animais de estimação. João Cotrim de Figueiredo, da IL, disse que "desvia o foco" do importante, ao passo que Catarina Martins, do BE, deu uma "má notícia" a Rio, dizendo-lhe que "esta campanha já não é sobre o gato Zé Albino" mas sim "sobre o programa para o país" e as pontes à esquerda.
  • A convergência de esquerda: Depois de António Costa por um travão nos seus pedidos de maioria absoluta, os restantes partidos saudaram a iniciativa de estender o diálogo à esquerda, ainda que com reservas. Jerónimo de Sousa, de regresso à campanha, diz que o secretário-geral do PS “caiu um pouco na realidade” e percebeu que o objetivo da maioria absoluta “estava longínquo”, posição partilhada pelo seu companheiro da CDU, João Ferreira, que disse que essa mudança de discurso de Costa era "inevitável". Já Rui Tavares saudou a abertura ao diálogo, frisando, todavia, que o Livre não oscila conforme sondagens.
  • A entrada do "delfim": Pedro Nuno Santos foi visado durante algumas ocasiões nos debates, por ser considerado o putativo sucessor de Costa no PS, mas o ministro das Infraestruturas e da Habitação decidiu só agora entrar oficialmente na campanha. Em Aveiro, onde é cabeça de lista, Nuno Santos deixou os antigos parceiros de fora do discurso, focado no ataque à direita do “individualismo e do salve-se quem puder”.
  • Mesquita Nunes anuncia voto na IL, CDS não se surpreende: Tendo abandonado o CDS-PP, o antigo dirigente Adolfo Mesquita Nunes anunciou na segunda-feira à noite que vai votar na Iniciativa Liberal nas eleições legislativas. Se a notícia foi bem-vinda pela IL, dada a “qualidade técnica e política” de Mesquita Nunes, o líder do seu ex-partido, Francisco Rodrigues dos Santos, disse que encarou o anúncio "sem surpresa".
  • PAN diz estar a ser campanha de desinformação: A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, defendeu hoje que há uma campanha de “desinformação” contra o partido, atribuindo culpas a “algumas forças políticas” e entidades como a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Quanto a esta segunda, a líder partidária acusa-a de "se sentar ao lado de ‘lobbys’ como o da tauromaquia e das grandes empresas, muitas delas estrangeiros, que estão a utilizar os nossos solos de forma intensiva e superintensiva”. Ora, a CAP já veio reagir, dizendo que a líder do partido quer "ganhar mais uns minutos de atenção mediática" e que “está à vista de todos que a líder do PAN está a referir-se às notícias que evidenciam flagrantes contradições entre as suas posições públicas e os seus negócios privados”.
 
 
Manuel Cardoso
 
 

António está a brincar com Catarina. Continuar a ler

 
 
 

Ainda a marcar a atualidade