Edição por António Moura dos Santos e Tomás Albino Gomes

Viu a chuva de estrelas que caiu ontem à noite sobre Portugal? Se olhou para o céu, então não, porque esta aconteceu na verdade em Toledo, Espanha. Confuso? Não esteja, não se fala aqui de eventos astronómicos, mas sim gastronómicos.

Na cerimónia que decorreu esta terça-feira à noite na cidade espanhola, o Guia Michelin Espanha e Portugal 2023 atribuiu mais cinco das suas estrelas a restaurantes portugueses — e uma estrela verde, também, dada a espaços que se pautam pela cozinha sustentável.

Fixe estes nomes: Encanto (José Avillez e João Diogo), Kabuki Lisboa (Paulo Alves), Kanazawa (Paulo Morais) — estres três em Lisboa —, Euskalduna Studio (Vasco Coelho Santos) e Le Monument (Julien Montbabut), ambos no Porto, receberam uma estrela (‘cozinha de grande nível, compensa parar’).

Portugal passa assim a ter um total de 31 restaurantes com uma estrela Michelin e outros sete com duas (‘cozinha excelente, vale a pena o desvio’). Ao todo, são 45 estrelas a iluminar a gastronomia nacional. De destacar que Encanto é o primeiro restaurante vegetariano por cá a receber esta distinção.

Já no que toca às estrelas verdes, o distinguido este ano foi o Mesa de Lemos (Passos de Silgueiros, já detentor de uma estrela Michelin), chefiado por Diogo Rocha. Passa assim a ser o terceiro em solo português, depois de tanto Il Galo d’Oro (Funchal, duas estrelas Michelin) e Esporão (Reguengos de Monsaraz, uma estrela) terem sido galardoados no ano passado.

Segundo o guia Michelin, as estrelas verdes destinam-se a “experiências que combinam a excelência gastronómica com um notável compromisso com a eco-responsabilidade. Verdadeira fonte de inspiração, tanto para 'gourmets' como para profissionais, estes restaurantes fomentam a consciencialização e a ação”.

Antes do evento acontecer em Toledo, a organização tinha prometido que esta seria “um ano histórico” para Portugal, garantindo que haveria “muitas estrelas” e que estas estariam “muito distribuídas, tanto em grandes cidades como em localidades mais pequenas” dos dois países abordados.

Depois do que se passou ontem, sabe-se agora que as promessas não foram totalmente cumpridas. Não só Portugal não somou nenhum restaurante a receber duas estrelas — a última vez foi em 2020, para o Casa de Chá da Boa Nova do chef Rui Paula, em Leça da Palmeira — como ainda não foi desta que teve a primeira distinção de três estrelas.

Além disso, a tão prometida distribuição geográfica ficou-se por três restaurantes lisboetas e duas portuenses, quando, em 2021, Tavira, Lagos e Reguengos de Monsaraz foram algumas das localidades agraciadas.

Mas se este ano pode não ter sido tão histórico quanto isso, 2023 sê-lo-á certamente. Uma das maiores novidades anunciadas este ano é que Portugal vai passar a ter um anúncio próprio na próxima edição

Os restaurantes portugueses distinguidos no Guia Michelin Espanha e Portugal serão anunciados a partir do próximo ano numa cerimónia autónoma, uma forma de valorizar “a crescente excelência” da gastronomia nacional, anunciou em Toledo o diretor internacional da publicação.

“A partir do próximo ano, não vamos ter apenas uma celebração, mas duas, em Espanha e Portugal”, anunciou Gwendal Poullennec.“Não vamos voltar a desvendar a seleção ao mesmo tempo, mas vamos dar aos dois destinos a sua própria celebração”, adiantou, acrescentando: “As cenas culinárias dos dois países merecem o seu próprio impulso e queremos promover melhor o que as faz únicas”.

Para que tenha em conta, desde o início da década de 2010, cada edição é apresentada numa cerimónia, que decorre normalmente numa cidade espanhola – apenas em 2018 Lisboa acolheu o evento.

Portanto, deixe o telescópio e prepare os talheres: para o ano, a chuva de estrelas acontece por cá.

Duas estrelas:

• Alma (Lisboa, chef Henrique Sá Pessoa)
• Belcanto (Lisboa, chef José Avillez)
• Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira, chef Rui Paula)
• Il Gallo d'Oro (Funchal, chef Benoît Sinthon)
• Ocean (Alporchinhos, chef Hans Neuner)
• The Yeatman (Vila Nova de Gaia, chef Ricardo Costa)
• Vila Joya (Albufeira, chef Dieter Koschina)

Uma estrela:

• 100 Maneiras (Lisboa, chef Ljubomir Stanisic)
• A Cozinha (Guimarães, chef António Loureiro)
• Antiqvvm (Porto, chef Vítor Matos)
• Al Sud (Lagos, chef Louis Anjos)
• A Ver Tavira (Tavira, chef Luís Brito)
• Bon Bon (Carvoeiro, chef José Lopes)
• CURA (Lisboa, chef Pedro Pena Bastos)
• Eleven (Lisboa, chef Joachim Koerper)
• Encanto (Lisboa, José Avillez e João Diogo) - novidade
• Eneko Lisboa (Lisboa, chef Eneko Atxa e Lucas Bernardes)
• Epur (Lisboa, chef Vincent Farges)
• Esporão (Reguengos de Monsaraz, chef Carlos Teixeira)
• Euskalduna Studio (Porto, Vasco Coelho Santos) - novidade
• Feitoria (Lisboa, chef João Rodrigues)
• Fifty Seconds by Martín Berasategui (Lisboa, chef Filipe Carvalho)
• Fortaleza do Guincho (Cascais, chef Gil Fernandes)
• G Pousada (Bragança, chef Óscar Gonçalves)
• Gusto by Heinz Beck (Almancil, chef Libório Buonocore)
• Kabuki Lisboa (Lisboa, Paulo Alves) - novidade
• Kanazawa (Lisboa, Paulo Morais) - novidade
• LAB by Sergi Arola (Sintra, chef Sergi Arola e Vladimir Veiga)
• Largo do Paço (Amarante, chef Tiago Bonito)
• Le Monument (Porto, Julien Montbabut) - novidade
• Loco (Lisboa, chef Alexandre Silva)
• Mesa de Lemos (Viseu, chef Diogo Rocha)
• Midori (Sintra, chef Pedro Almeida)
• Pedro Lemos (Porto, chef Pedro Lemos)
• Vila Foz (Porto, chef Arnaldo Azevedo) - novidade
• Vista (Portimão, chef João Oliveira)
• Vistas (Vila Nova de Cacela, chef Rui Silvestre)
• William (Funchal, chef Luís Pestana)

Atualidade

Tráfico humano no Alentejo. 40 detidos por escravizarem imigrantes em campos agrícolas

Quem joga hoje:

• 10h00 - Marrocos vs. Croácia (Sport TV1)
• 13h00 - Alemanha vs. Japão (Sport TV1)
• 16h00 - Espanha vs. Costa Rica (SIC e Sport TV1)
• 19h00 - Bélgica vs. Canadá (Sport TV1)

A polémica:

• Um grupo de adeptos do País de Gales denunciou que os seus membros foram obrigados a retirar chapéus com o símbolo da associação LGBT+ Rainbow Wall, antes do jogo com os Estados Unidos, do Mundial2022 de futebol.

Também é notícia:

• A Arábia Saudita surpreendeu tudo e todos ao vencer a Argentina no primeiro jogo do Grupo C. A formação árabe esteve a perder por um golo, ao intervalo, mas, na segunda parte, conseguiu dar a volta ao resultado diante de uma das seleções favoritas a vencer o torneio. No entanto, esta não é uma vitória caída do céu: a estratégia dos Green Falcons para este Mundial era para contrariar as baixas expectativas. O feito levou a que Salman bin Abdulaziz Al Saud, rei da Arábia Saudita, declarasse que esta quarta-feira fosse feriado no país árabe.
• O parlamento autorizou a deslocação do Presidente da República ao Qatar para assistir ao primeiro jogo da seleção nacional de futebol no Mundial 2022, na quinta-feira. Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pela viagem que continua envolta em polémica, realçou que Portugal mantém relações diplomáticas com vários países não democratas e garantiu que vai ao Qatar "falar de direitos humanos".
• A FIFA comunicou a capacidade definitiva nos oito estádios do Mundial2022 de futebol no Qatar, com números superiores ao inicialmente previsto, depois de discrepâncias nos dois primeiros dias de competição.
• A França iniciou da melhor maneira a defesa do título, ao golear a Austrália por 4-1, em jogo do Grupo D do Mundial2022 de futebol, disputado no Estádio Education City, em Doha, depois de ter estado em desvantagem.
• O México e a Polónia empataram a zero, em encontro da primeira jornada do Grupo C do Mundial de futebol de 2022, disputado no Estádio 974, em Doha, onde o polaco Robert Lewandowski desperdiçou uma grande penalidade.
• A Dinamarca e a Tunísia empataram a zero em Al Rayyan, em encontro da primeira jornada do Grupo D do Mundial de futebol de 2022.
• A seleção portuguesa de futebol realiza hoje o último treino antes da estreia no Grupo H do Campeonato do Mundo, com o Gana, restando saber se o lateral Nuno Mendes estará à disposição no relvado.

A frase: 

•  "Diria que os astros se alinharam todos para nós. É uma vitória memorável, que vai ficar para a história" (Hervé Renard, selecionador nacional da Arábia Saudita)

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