Um país de emigrantes, mas não para imigrantes
Edição por Ana Maria Pimentel
Esta madrugada, a cidade do Porto foi palco de um novo ataque racista, escreve a edição de hoje do Jornal de Notícias. Um homem terá esfaqueado um imigrante marroquino e outro indiano em dois incidentes separados, tendo proferido insultos racistas enquanto perpetrava estes atos.
Este novo episódio volta a trazer violência contra imigrantes junto ao Campo 24 de Agosto, onde a 3 de maio decorreram ataques contra estrangeiros. Durante a madrugada dessa sexta-feira, a PSP foi alertada cerca da 01h00 para uma agressão nessa zona do Porto contra dois imigrantes por um grupo de quatro ou cinco homens que fugiu antes da chegada dos agentes.
Cerca de 10 minutos mais tarde, na Rua do Bonfim, 10 imigrantes foram atacados, na habitação onde estavam, por um grupo de 10 homens, munidos com paus e, alegadamente, com uma arma de fogo, o que a PSP ainda não conseguiu confirmar, referiu a mesma fonte.
Ainda segundo o porta-voz, pelas 03h00, na Rua Fernandes Tomás, outro imigrante foi também agredido, por outros suspeitos, sendo que um deles usava uma arma de fogo.
Ainda hoje, a PJ divulgou que deteve o suspeito e esclareceu que o homem, de 26 anos, é também suspeito de um crime de roubo. O detido vai ser presente à autoridade judiciária para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação.
Num país que fez da sua história expandir-se além fronteiras e que na sua história recente - e atual - viu tantas vezes a salvação na emigração, não deixa de espantar a forma como os imigrantes são recebidos.
Principalmente numa altura em que precisamos tanto deles. Ainda esta semana, um estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto concluiu que Portugal precisa de mais imigração se quiser aumentar o crescimento económico e nível de vida para "entrar no grupo de países mais ricos" da União Europeia até 2033.
Também o presidente da Confederação do Turismo de Portugal destacou a necessidade de mão de obra estrangeira. E, antecipando alguns comentários mais populistas, considerou que, mesmo se os imigrantes fossem substituídos pelos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), “não chegava”.
A necessidade de imigrantes à economia não o é só na produtividade, mas também para balançar a segurança social. A baixa de natalidade do país é uma preocupação nacional antiga e, nos últimos anos, o que tem safado têm sido as crianças das comunidades que chegam ao país, ou os filhos já nascidos em Portugal dessas comunidades. Sem eles a Segurança Social não teria a mesma facilidade em pagar reformas, baixas ou subsídios de desemprego.
Importa lembrar que em 2022 o relatório do Observatório das Migrações concluiu que os imigrantes foram responsáveis por um saldo positivo de 1604,2 milhões de euros da Segurança Social, que é o “o valor mais elevado de sempre”, sendo que este grupo representa 7,5% do total da população. Este um valor também ele mais alto face aos últimos anos, tendo em conta que em 2019 os estrangeiros representavam apenas 5,7% de todos os residentes.
E, mais uma vez antecipando alguns comentários, no total, em 2022 os estrangeiros contribuíram com 1861 milhões de euros para a Segurança Social e só beneficiaram de cerca de 257 milhões de euros, representando 13,5% dos contribuintes do sistema.
Contudo, do ponto de vista dos salários, confirmaram-se tendências em várias áreas que se vêm desenhando há alguns anos. Continuam a existir desequilíbrios nas remunerações-base médias entre os trabalhadores estrangeiros e os portugueses, com os primeiros a terem remunerações 5,3% mais baixas. Segundo dados de 2021, a média geral das remunerações mensais foi de 1081 euros para os portugueses, comparada com 1024 para os estrangeiros.
Já neste regresso às aulas, soube-se que o número de alunos imigrantes nas escolas portuguesas aumentou 160% nos últimos cinco anos, estando o Ministério da Educação a preparar um conjunto de mecanismos para as escolas conseguirem integrar estas crianças e jovens.
Mas para terminar numa nota mais positiva, há bons exemplos. As Multinacionais do Fundão, bem como empresas familiares, estão a partilhar as suas experiências com trabalhadores estrangeiros, na 2.ª edição do curso Migrações e Desafios da Integração, da Academia Mais Integração, que decorre no Fundão até sábado, revelou a organização.
Como há pouco tempo noticiava o SAPO24: "Calma, não é uma invasão. Hoje como sempre, são só pessoas à procura de uma vida melhor – e a economia a funcionar".
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