De acordo com a análise feita pelo jornal Público, os estrangeiros têm uma taxa de atividade mais alta do que os portugueses, mas estão em trabalhos precários, mal pagos, mais arriscados, em sectores como a construção civil, a hotelaria e restauração e serviço doméstico. Estão normalmente em categorias abaixo das suas qualificações, trabalham mais horas semanalmente e recorrem muito menos às prestações da Segurança Social, apesar de terem uma taxa de desemprego acima do dobro da dos portugueses.

Assim, em 2022, pode concluir-se no novo relatório do Observatório das Migrações que os imigrantes foram responsáveis por um saldo positivo de 1604,2 milhões de euros da Segurança Social, que é o “o valor mais elevado de sempre”, sendo que este grupo representa 7,5% do total da população. Este um valor também ele mais alto face aos últimos anos, tendo em conta que em 2019 os estrangeiros representavam apenas 5,7% de todos os residentes.

Já em 2021, as contribuições dos estrangeiros para a Segurança Social tinham chegado aos 1293,2 milhões de euros.

No total, em 2022 os estrangeiros contribuíram com 1861 milhões de euros para a Segurança Social e só beneficiaram de cerca de 257 milhões de euros, representando 13,5% dos contribuintes do sistema.

Do ponto de vista dos salários, confirmaram-se tendências em várias áreas que se vêm desenhando há alguns anos. Continuam a existir desequilíbrios nas remunerações-base médias entre os trabalhadores estrangeiros e os portugueses, com os primeiros a terem remunerações 5,3% mais baixas. Segundo dados de 2021, a média geral das remunerações mensais foi de 1081 euros para os portugueses, comparada com 1024 para os estrangeiros.

No que diz respeito à natalidade, destaca-se ainda que os imigrantes já são mais de 750 mil, mas o seu peso (7,5% da população) não coloca Portugal entre os países europeus com maior número de estrangeiros.

Os brasileiros continuam a ser a maior comunidade, com cerca de 239,7 mil pessoas, e no ano letivo de 2021/2022, os alunos estrangeiros no ensino superior tinham um peso de 16,1% do total e no ensino básico e secundário corresponderam a quase 9%.

“Estando Portugal numa situação de acentuado envelhecimento demográfico, importa reconhecer que nem todos os perfis imigratórios poderão aliviar a situação demográfica do país: os estrangeiros reformados tendem a reforçar a importância relativa de idosos residentes e, ao contrário da população imigrante em idade ativa e em idade fértil que tradicionalmente o país recebeu nas últimas décadas, não atenuam o envelhecimento demográfico do país, mas antes acentuam-no”, refere o documento.

Neste sentido, destaca-se a taxa de natalidade entre estrangeiros, que continua a ser mais alta, proporcionalmente, do que a dos nacionais: as mulheres estrangeiras foram responsáveis por 16,7% do total dos nascimentos em Portugal. Por cada 1000 mulheres, houve mais do dobro da prevalência de nascimentos nas estrangeiras (38 nados-vivos por cada 1000 estrangeiras) do que nas portuguesas (14 nados-vivos por cada 1000 portuguesas).