Falando à Lusa à margem do 6.º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses, que teve hoje início em Lisboa, Francisco Rodrigues salientou que a “medida do cheque-psicólogo que foi lançada agora para os alunos do ensino superior é uma medida que vem complementar respostas” aos problemas de saúde mental, a que se soma o reforço de profissionais no centro de saúde.
Para o dirigente dos psicólogos, o atual Governo tem mostrado abertura ao tema da saúde mental e manteve as promessas de contratação de profissionais feitas no passado.
Contudo, existem dificuldades no acesso às consultas de psicologia, devido à falta de comparticipações, e o bastonário admitiu que esse trabalho exige “um acompanhamento periódico regular com intervalos curtos de tempo e com um tempo de atendimento que não é comparável aos tempos das consultas médicas” nos centros de saúde.
Os “recursos necessários” para lidar com os problemas de saúde mental dos portugueses são muito grandes e “todos somos poucos para dar resposta”, pelo que a medida de cem mil cheques-psicólogos para os estudantes neste ano letivo permitirá avaliar os resultados deste tipo de parcerias com o setor privado.
“Pode eventualmente vir a ser uma medida que o Governo, se calhar, decidirá como pode ter futuro em outras populações”, afirmou o bastonário, referindo que compreende a escolha dos estudantes como o primeiro grupo populacional alvo deste tipo de ações.
A escolha dos estudantes está relacionada com a circunstância de ser a “fase mais crítica para o aparecimento de perturbações mentais”, explicou, considerando que depois será necessário fazer “uma avaliação dos resultados dessa intervenção”.
A preocupação com a saúde mental tem sido transversal aos poderes políticos, salientou o dirigente.
“Acho que se deu um salto muito grande, estamos muitíssimo melhor do que o que estávamos há três, cinco ou dez anos atrás”, precisou.
Para isso, frisou, contribuiu a pandemia, que “deu um grande empurrão a isto, colocou todos muito mais num plano de não haver exceções sobre quem é que pode estar afetado por situações de saúde mental” e, “hoje em dia, o estigma já não é o que era”.
“Há uma procura muitíssimo maior” do apoio sobre saúde mental, “as pessoas falam em todos os fóruns muito abertamente sobre o tema”, afirmou Francisco Miranda Rodrigues.
Por outro lado, é necessário garantir o acesso aos técnicos, porque, “quanto mais de tenra idade existe o acesso natural a profissionais desta área, como são os psicólogos, muito menos estigma existirá”.
Os governos têm demonstrado uma “abertura crescente” ao problema, disse, elogiando o executivo anterior, que “desencadeou algumas ações concretas, nomeadamente de desburocratização das contratações”.
E este Governo, quando tomou posse, “assumiu o que estava em cima da mesa, comprometeu-se e incluiu no plano de emergência a contratação dos psicólogos para os centros de saúde”.
Hoje, apesar de algum atraso, “os concursos já foram lançados”, afirmou o bastonário, que saudou também a promessa da ministra da Saúde de manter essa “política de reforço dos psicólogos no SNS” na proposta de Orçamento do Estado para 2025.
O congresso decorre em simultâneo com o 13.º Congresso Ibero-americano de Psicologia e Francisco Miranda Rodrigues destacou a forte participação.
“As coisas estão a correr muito mais, dois mil participantes, centenas de palestrantes, um debate vivo sobre os problemas atuais e o papel que os psicólogos podem desempenhar”, explicou o bastonário da Ordem dos Psicólogos.
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