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A Instax, da Fujifilm, é hoje a marca mais conhecida no campo das fotografias instantâneas. Quase 30 anos após o seu lançamento, a marca ultrapassou em abril as 100 milhões de unidades vendidas no mundo todo, com a empresa a registar recordes de vendas pelo quarto ano consecutivo.

Em Portugal, Teresa Fonseca, da direção de Consumer Imaging da Fujifilm,  em declarações ao 24 notícias, garante que o produto tem crescido todos os anos e que a aposta em novas gamas tem ajudado a esse crescimento. Relativamente a números, Teresa Fonseca fala num crescimento positivo médio de 10% por ano, retirando os anos de pandemia, com o público feminino como maior comprador.

A história da Instax

Ryuichiro Takai, Diretor Geral do Consumer Imaging da Fujifilm, refere à CNN World que a popularidade do produto é uma resposta direta à clareza e eficiência da fotografia digital moderna. O gestor nota que enquanto a fotografia digital já é dada como certa por muitos, a fotografia instantânea oferece uma experiência completamente nova e divertida.

Embora a Instax tenha sido um sucesso global, não foi a primeira câmara instantânea fabricada pela Fujifilm. Antes dela, a Polaroid e a Kodak já tinham lançado as próprias versões, mas não conseguiram conquistar o mercado japonês com a mesma força, embora muito conhecidas no ocidente. A Fujifilm introduziu a linha Fotorama em 1981, que teve vendas positivas no Japão, mas sem alcançar uma cultura significativa.

Nos anos 1990, a Fujifilm observou o sucesso das purikuras, cabines de fotos que imprimem adesivos, e decidiu unir a rapidez e a diversão dessas máquinas com a praticidade das câmeras descartáveis QuickSnap. O resultado foi a câmara Instax mini 10, lançada em 1998, que produzia fotos retangulares de cerca de 5x7 cm.

Embora tenha sido um sucesso no mercado doméstico, as vendas caíram drasticamente no início dos anos 2000, quando a fotografia digital começou a dominar. Porém, a Fujifilm não desistiu. Em 2012, a Instax mini 8 foi lançada como “a câmara mais fofa do mundo” e rapidamente se tornou popular entre os jovens da Ásia.

Em 2015, com a Polaroid a passar por dificuldades financeiras e a abandonar o mercado das câmaras instantâneas, a Fujifilm aproveitou a oportunidade para expandir a presença internacional, chegando aos Estados Unidos e a outros mercados globais.

O Sucesso da Instax: estratégia e cultura jovem

No contexto português, o público feminino entre os 13-18 anos é "quem mais compra em volume, sobretudo, a Instax Mini 12", revela Teresa Fonseca.

O sucesso da Instax pode ser atribuído, em grande parte, a uma estratégia de produto e marketing . A marca soube atrair diferentes públicos jovens, fazendo parcerias com nomes como Taylor Swift e BTS, com a Universal Studios e a Pixar. Até no mundo dos jogos digitais, a Instax entrou com tudo: no jogo Final Fantasy XIV, lançado no Japão, os jogadores podem usar uma câmara Instax como parte da jogabilidade.

Mas o que há por detrás desse fenómeno? Jaron Schneider, editor-chefe da PetaPixel, responde a essa questão lançada pela CNN World, a popularidade repentina da Instax está ligada a um desejo crescente das gerações mais jovens por experiências tangíveis e fora do digital. “A Gen Z e a Gen Alpha estão famintas pela nostalgia que a geração dos millennials viveu. Eles querem ter algo feliz para recordar antes de o mundo se digitalizar completamente”, argumenta Jaron Schneider.

O Fascínio pela Fotografia Analógica

O retorno ao analógico não é apenas uma questão de entretenimento ou tendência. Ryuichiro Takai, da Fujifilm, acredita que a experiência de desacelerar e refletir mais profundamente antes de capturar uma foto tem um apelo duradouro, principalmente entre as gerações mais jovens. “Eles valorizam o fato de poderem ‘tocar suas memórias’”, afirma à CNN International.

O Japão tem se destacado como pioneiro no renascimento da fotografia analógica, mas Jaron Schneider acredita que há fatores universais que tornam o Instax atraente para pessoas em todo o mundo. “As pessoas estão a voltar para o analógico porque o veem como um formato de imagem mais genuíno e autêntico. Não há inteligência artificial, não há edição, apenas um momento capturado no tempo”, observa Jaron Schneider.

A fotografia instantânea, apesar das suas limitações, oferece uma barreira acessível contra a modernidade, onde a visão digital nem sempre corresponde à realidade. “É reacionário e retrógrado”, conclui Ryuichiro Takai. “Quando as pessoas perguntam porque a instax é tão bem recebida nesta era digital, nós simplesmente respondemos: está a ir contra o tempo.”

Embora a instax se tenha mantido fiel às suas raízes de pequenas fotos impressas instantaneamente, a Fujifilm também soube inovar. Há mais de uma década, a empresa passou a produzir impressoras autónomas que se conectam a smartphones e, mais recentemente, lançou câmaras híbridas com sensores digitais, que permitem não só imprimir fotos, mas também compartilhá-las nas redes sociais. No entanto, o denominador comum tem sido as pequenas impressões portáteis, que permanecem quase inalteradas desde o início do século.

Hoje, os produtos instax estão disponíveis em mais de 100 países, com 90% das vendas ocorrendo fora do Japão, o que evidencia o apelo global da fotografia instantânea. Até a Polaroid, que tinha saído do mercado, ressurgiu como marca em 2020, tentando reconquistar o terreno perdido. “Eles estão a tentar reacender a chama que a Fujifilm acendeu, mas todos sabem que não é tão simples”, observa Jaron Schneider.

Para a Fujifilm, a consistência e a visão de longo prazo se mostraram fundamentais para o sucesso. “A nossa equipa posicionou a Instax para se tornar uma cultura enraizada no mundo, e não apenas um bom passageiro”, diz Ryuichiro Takai. “Este é o nosso objetivo.”

*Editado por Ana Maria Pimentel

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