”O empobrecimento da larga maioria da população contrasta com o aumento da riqueza acumulada por uma ínfima minoria. A degradação das condições de vida dos trabalhadores e do povo é a outra face da moeda da acumulação de lucros pelos grupos económicos que dominam a economia nacional”, afirmou.
Jerónimo de Sousa desafiou ainda a que “eles [governo] que digam que não, que o PCP não tem razão com a realidade que se vive no país, com grandes dificuldades que se adivinham” para o poder de compra dos portugueses.
”É um escândalo que depois vejamos meia dúzia de grupos económicos, meia dúzia de petrolíferas a fazerem fortunas, a amassar fortunas ao segundo, numa demonstração que o capitalismo nunca será a solução para a humanidade”, defendeu.
O líder comunista falava no final da X Assembleia da Organização Regional da Guarda, que decorreu durante a tarde de hoje, e onde destacou a “luta pela defesa das soluções para as regiões” como a do interior e a “situação nacional” que o país vive.
”Uma situação em que pesam as consequências de décadas de política de direita e a que se acrescentam o aproveitamento da epidemia, da guerra e das sanções pelos grupos económicos para acumularem lucros à custa da degradação das condições de vida dos trabalhadores e do povo”, acusou.
Mas também, acrescentou, “o quadro político marcado pela maioria absoluta do PS, de que emerge o seu compromisso com os interesses do grande capital, e por uma ampla promoção de forças e projetos reacionários”.
”A perda de poder de compra em resultado da subida generalizada dos preços dos bens e serviços essenciais é consequência direta do aproveitamento da epidemia, da guerra e das sanções como pretexto para uma espiral especulativa de aumento dos preços e da recusa do Governo em adotar medidas de fixação e controlo de preços e de aumento de salários, reformas e pensões”, acusou.
Jerónimo de Sousa afirmou que o Governo “nega-se a reconhecer o agravamento da situação, a existência e a profundidade dos problemas estruturais do país, desvalorizando as suas consequências na vida” dos portugueses.
Também a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, foi alvo de Jerónimo de Sousa, pelas declarações desta quinta-feira, “em relação às taxas de juro que estão já a traduzir os riscos desta realidade concreta”.
”A decisão do BCE de aumentar as taxas de referência em 0,25% em julho e o anúncio da consideração de um novo aumento em setembro significam no imediato um sério golpe nos salários e reformas” com “aumentos de custos” na habitação e uma “acrescida dificuldade” no investimento empresarial.
O líder do PCP apontou ainda o dedo às transferências de competências em “áreas tão relevantes” como a educação, saúde e proteção social para as autarquias, “ao mesmo tempo que lhe nega os recursos financeiros necessários” o que “avulta um problema de ainda maior gravidade”.
”Pode vir a ser um passo decisivo para o fim do caráter universal dos direitos sociais, na medida em que essa universalidade ficará posta em causa com a dispersão de responsabilidades associada ao agravamento do seu subfinanciamento”, advertiu.
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