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Pedro Pacífico é advogado e criador do perfil Bookster, que soma mais de 800 mil seguidores no Instagram, onde partilha dicas de leitura, análises de livros, listas e reflexões sobre o papel dos livros no crescimento pessoal. A missão é clara: tornar a leitura cool, acessível e desejável.

Vem a Lisboa a propósito do evento  Book 2.0 – O Futuro da Leitura, que acontece a 3 e 4 de setembro na Fundação Champalimaud, em Lisboa, e estará no painel "Despertar os jovens para a leitura: Já Leste Hoje?", ao lado de outros influencers e especialistas que têm vindo a criar comunidades de leitores nas redes sociais.

Em entrevista ao 24notícias, Pedro reconhece que os ecrãs podem ser um entrave à leitura, devido a todos os estímulos, mas também têm sido fonte de aproximação de leitores — de todas as idades —, principalmente devido a tendências recentes nas redes sociais, que mostram que o mercado do livro está mesmo a mudar: em Portugal, cresceu 9% em valor, com destaque para a ficção jovem, impulsionada pelo fenómeno TikTok.

Uma conversa sobre livros e o que se espera no futuro, numa aproximação entre Portugal e Brasil numa área onde as semelhanças são mais do que as diferenças.

Quem é o Pedro Pacífico e, já agora, de onde é que vem este Bookster?

Hoje em dia o Pedro Pacífico e o Bookster misturam-se muito. O Pedro Pacífico é advogado, formado em Direito pela Universidade de São Paulo, com mestrado em Direito pela Universidade de Nova Iorque. Mas há uns sete anos, mais ou menos, criou um perfil nas redes sociais para falar de livros, com o nome de Bookster E com o tempo, esses últimos anos, esse projeto começou a crescer. Não tinha qualquer ideia de que isso iria acontecer, foi criado muito mais como um lugar para eu poder compartilhar as minhas experiências, as minhas leituras. E hoje em dia eu acabei a tornar-me no Bookster também. Então, se eu tivesse que resumir quem eu sou hoje em dia, diria que sou um grande apaixonado por literatura que tem como maior objetivo estimular e incentivar a leitura nas outras pessoas E também uma pessoa múltipla, um advogado, um escritor — escrevi o meu primeiro livro —, alguém que também se permitiu ter múltiplos interesses e não se colocar só numa caixinha.

A propósito de puxar outras pessoas para o mundo dos livros. Vem a Portugal, ao Book 2.0, com um tema que realmente é muito pertinente: despertar os jovens para a leitura. Como é que isto se faz?

É um grande desafio, cada vez mais. Porque os livros precisam de competir com os ecrãs. Num momento de cada vez mais falta de atenção, de dificuldade de concentração, os ecrãs com aqueles conteúdos rápidos, cheios de estímulos, acabam muitas vezes por vencer esta batalha. E o que eu tento mostrar, nas minhas redes sociais, é que, na verdade, esta é uma batalha que não precisa de ter um vencedor ou um perdedor.

O que a gente precisa conseguir é equilibrar. Eu não vou conseguir tirar os ecrãs dos jovens, mas eu posso de alguma forma mostrar-lhes que se tirarem 15 minutinhos do dia para experimentar uma leitura, para tentar construir aquele hábito, vão entender que a leitura pode ser um entretenimento incrível. É mostrar que a leitura não é algo chato, uma obrigação, um dever, que só estou a ler aquilo porque eu tenho de ler. Não, eu estou a ler aquilo porque tem histórias incríveis, que me divertem muito e com que, no final de tudo, eu posso aprender também.

Eu acho que a gente precisa mostrar para os jovens que a leitura pode ser, sim, um entretenimento, e que eu vou escolher um livro assim como eu escolho um filme ou uma série. O que é que eu tenho vontade de ler? Que temas me interessam? É preciso ver a leitura como esse entretenimento.

Além de a leitura ter de competir de alguma forma com os ecrãs, hoje em dia é muito vista como uma ferramenta para aprender alguma coisa de utilidade. Então as pessoas acabam a procurar nos livros respostas mágicas para os seus problemas — já que vou ler, vai ser algo que vai me trazer um ensinamento prático para eu aplicar no meu dia, no meu trabalho.

O que eu quero mostrar às pessoas é que vamos ter de parar de pensar assim. Não escolhe um filme só a pensar em documentários que vão ensinar alguma coisa, escolhe um filme com aquilo que realmente lhe interessa. Então acho que incentivar os jovens para a leitura é, em primeiro lugar, mostrar que a leitura é um entretenimento. Em segundo lugar, mostrar que você não precisa abrir mão dos seus ecrãs e da internet. E, em terceiro lugar, entender que a leitura também é um hábito, que se consegue encaixar um pouquinho no dia a dia. Com certeza, depois de um tempo, não vai conseguir mais se ver sem ela.

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Aqui em Portugal, quando falamos dos jovens e da leitura, há sempre aquela questão de como são obrigados a ler determinadas obras na escola  e depois acabam por perder ali um bocadinho o foco e não querer ler outras coisas porque acham que tudo é chato. Como é que ultrapassamos isto?

Esse realmente é um outro desafio, porque, como eu disse, essa ideia de que a leitura não é entretenimento acontece por muitos motivos  — e um deles é a forma como a escola muitas vezes nos apresenta a literatura: como essa obrigação, como uma leitura para fazer uma prova. Na escola, na adolescência, é o momento que você poderia estar construindo esse hábito ou, muitas vezes, seguindo o hábito, porque é comum que as crianças leiam, mas parem de ler nesse momento da escola. Isso é preocupante.

O mundo ideal seria a gente ter aula de literatura na escola, ter essas leituras obrigatórias, porque fazem parte, mas eu queria que houvesse uma aula de leitura para o entretenimento. Vamos ler alguma coisa atual, alguma coisa que eles escolheram. Para conversar, para debater.

O jovem acha que ler é aquela atividade obrigatória, que só vai servir para fazer uma prova, para aprender alguma coisa. Ele diz 'não, isso eu não gosto, clássico é chato, clássico ali na escola não é legal'. E acaba traumatizado, vamos dizer assim, e deixa os livros de lado.

A chance de afastar o jovem da leitura é muito grande, é muito fácil. A gente tem de evitar ao máximo qualquer comportamento que possa afastar o jovem da leitura. Então, na hora de falar de livros, tem de ter muito cuidado para mostrar o livro como algo divertido, como algo que podem ler porque querem, como algo que é para toda a gente. Não é algo difícil, só para os intelectuais, só para os muito inteligentes.

Falava desta questão de os jovens escolherem alguma coisa que gostem e com a qual se consigam identificar. Tem algum truque para indicar alguns títulos? Porque às vezes há esta dificuldade em perceber por onde ir.

O truque é escolher o livro pensando no que ele tem vontade de ler. O meu público nas redes sociais é um público bem mais adulto, então eu não converso muito com os jovens, porque eu leio literatura mais adulta. Mas esta dica — e todas as dicas, na verdade — que eu estou a dar serve para todo o mundo. Tem de escolher olhando a sinopse dos livros, entra no Instagram e ouve falar de livros, vai lendo cada crítica. Essa sinopse interessou-me, essa história interessou-me. Seja de bruxa, de extraterrestre, de nave espacial, romântico, livro triste, livro feliz, o que for. Mas vai vendo livros que despertem o interesse.

E também é importante escolher livros mais curtos, livros menos densos, para esse começo, para conseguir engatar na leitura. Quando vai começar, por exemplo, um desporto novo, como a corrida, não vai sair e correr 15km no primeiro dia, vai começar aos poucos. O mesmo também com a leitura: lê livros mais curtinhos, livros mais tranquilos de ler, mais gostosos. E aos poucos vai avançando.

Com esta tendência das redes sociais, há sempre quem questione se os leitores estão a seguir boas sugestões. Há boa literatura e má literatura ou o que interessa é ler?

O importante é ler. De facto, a ver pelo TikTok ou outra rede social, tem a sensação de que as pessoas estão a ler coisas muito parecidas. Mas, para mim, só as pessoas estarem a falar de livros nas redes já é maravilhoso.

Em segundo lugar, esses são os livros que muitas vezes vão atrair esses jovens, essas novas gerações de leitores. Para a literatura é maravilhoso.

A minha recomendação é que tentem, pelo menos aos poucos, ir diversificando a leitura. Não tem livro bom ou livro ruim, necessariamente. Isso vai depender muito da pessoa, tem livros que são mais complexos, têm aspectos mais interiores. O importante é não ficar só na mesma leitura, falando do mesmo género. Diversificando vai entender outros géneros, outros estilos que gosta e muitas vezes nem sabia.

Eu faço isso, leio de tudo — porque a gente tem de mudar os estímulos também. Leio ficção contemporânea, clássicos, memórias, histórias em quadrinhos [BD]. A ideia é de realmente diversificar, então, não vejo nenhum problema  com as leituras das redes sociais. Pelo contrário, acho muito importante. Mas o que eu peço e sugiro é: de vez em quando tente desafiar-se também na literatura.

Será que esta moda da leitura através das redes pode levar a que isto seja quase uma tendência e não tanto a criação de um hábito constante? Ou seja, que as pessoas comecem a ler mais pela partilha nas redes, mas não necessariamente por estarem a aproximar-se e a evoluir, literariamente falando.

Com certeza há uma parte das pessoas que vai começar a fazer algo por conta das trends. Hoje em dia, tudo vira trend. Mas, por exemplo, a comunidade do TikTok é algo que já está a durar há bastante tempo. Vê-se que tem algo a acontecer, não é uma trend que vai passar em alguns meses. E se 100 novas pessoas começarem a ler e 70 pararem de ler porque era uma trend, se pelo menos 30 conseguirem construir o hábito da leitura foi um impacto gigantesco.

E isto é comum, é como começar um desporto novo: nem todo o mundo vai conseguir continuar, mas se pelo menos uma parte das pessoas conseguir manter aquele hábito já é bom. E eu vejo isso a acontecer muito, pelos relatos que eu recebo — e aqui não só dos jovens, mas de pessoas de todas as idades.

A gente fala muito do perigo dos jovens com as telas, mas as telas estão afetando todas as idades, os meus pais, os meus avós. As pessoas estão deixando de ler mesmo, em todas as gerações. Eu recebo mensagens de pessoas que dizem "Nossa, eu não lia há 30 anos e agora voltei a ler por conta das suas indicações e eu não largo mais, li 20 livros nesse ano". E isso é muito gratificante e prova que muita gente vai acabar a construir o hábito da leitura por conta da influência nas redes.

Na prática está aqui a nascer uma nova geração de leitores.

E a resgatar também gerações de leitores que se perderam.

Porque é que acha que se perderam?

Muito por conta da internet. É a principal queixa que eu escuto das pessoas. Os ecrãs têm um conteúdo muito fácil e um estímulo que não exige muito. Às vezes estão cansados e acabam por abrir um ecrã e ficar duas horas. A pessoa nem sabe se assistiu em condições, mas viu. Depois há as séries que começaram nos streamings, acabam também a tornar-se concorrentes dos livros.

Os ecrãs têm vindo a comprometer a nossa capacidade de concentração e foco. Então, a pessoa às vezes tem de admitir que não está a conseguir ler porque é muito lento, vai muito devagar. Sempre digo que, na construção de um hábito, a gente tem de se esforçar no começo porque vai ser desafiador. A gente vai ter de entrar num ritmo para a leitura, um ritmo diferente do que a gente está habituado no nosso dia a dia.

Há outro motivo para as pessoas deixarem de ler: quanto menos as pessoas estão a ler, menos as pessoas vão ler. A gente fala pouco disso, se à sua volta as pessoas não vão falar de livros. Ninguém vai indicar um livro, não vão falar de um livro como da série Game of Thrones. Isso não acontece, então, a pessoa fica sem referência do que ler, fica sem estímulo na sua rotina.

Por isso, a internet é importante e as redes sociais também, porque vão ser uma forma de, pelo menos, em alguns segundos e minutos no dia da pessoa, entrar um conteúdo sobre livros que vai lembrar sobre a leitura.

Como é que podemos ajudar a que as pessoas falem mais de livros?

Ao mostrar que cada um pode ser um incentivador da literatura. No seu círculo, não precisa de ser um influenciador literário ou um produtor de conteúdos sobre livros nas redes sociais. Mas se quem tem o privilégio de ler, postar, de vez em quando, na sua rede social, o livro que está a ler, vão começar a aparecer pessoas a perguntar sobre aquele livro, pedindo indicações. No seu dia a dia, mesmo no trabalho, pode perguntar à pessoa que senta ao seu lado que livro ela está a ler e indicar-lhe um livro. Ou no almoço de família, ao domingo, na casa da avó. É conseguir ser um pouco essa fonte do assunto que hoje em dia se perdeu tanto.

Dizia que ser leitor é um privilégio. Porquê?

Porque as pessoas não leem. Se conseguiu, no meio de tanta informação, no meio de tanto conteúdo e de tanto estímulo, sobreviver com a sua paixão, com o seu hábito, é um privilegiado. Não é fácil, a sensação é que está tudo a contribuir para que pare de ler. Então, se resistiu a essa onda contrária, então é um privilegiado, porque conseguiu sobreviver enquanto muitos outros leitores acabaram deixando essa paixão e esse hábito de lado.

Trinta segundos sem pensar no medo

Livro best-seller com mais de 30 mil exemplares vendidos.

Lançamento Brasil:
15 de agosto de 2023
Editora Intrínseca

Lançamento Portugal:
21 de agosto de 2025
Cultura Editora

Além de falar sobre livros, também escreveu um, "Trinta segundos sem pensar no medo", que em breve chega a Portugal e onde fala das memórias como leitor. Quais são as suas primeiras recordações com livros?

Foi interessante escrever o livro porque eu tive de voltar a essas primeiras memórias. Eu não nasci numa casa de leitores, então é curioso, porque as minhas primeiras memórias não vão ser, por exemplo, de ver os meus pais a ler. Tenho memórias do meu pai a contar-me histórias, histórias que ele inventava, não de um livro. Tenho memórias das minhas avós a ler, elas eram grandes leitoras. Isso trazia-me curiosidade. O que elas estavam a ler? Por que é que elas gostavam tanto daquilo? E aos poucos, quando eu vejo o Pedro leitor, eu vejo um Pedro Leitor de fases: que se apaixonou por Harry Potter, que se apaixonou por outros livros. Uma coleção de que gosto muito é "Desventuras em Série" ["Uma Série de Desgraças", de Lemony Snicket]. Sempre fui um leitor que foi construindo esse hábito e essa paixão muito aos poucos, mas com livros que marcaram a infância e a adolescência.

É sempre difícil, mas... Tem um livro favorito?

Nossa, isso é impossível [risos]. Recentemente, no Instagram, publiquei ao longo de 30 dias um vídeo com os meus 30 livros favoritos da vida. Lá tem 30 e, com certeza, faltaram muitos. No meu próprio livro eu menciono os 70 livros que marcaram a minha vida. É muita coisa, é realmente uma pergunta impossível. E se cada vez que alguém me perguntasse eu tivesse que responder... ia mudando a resposta.

Mas eu posso falar um, que eu acho muito marcante, que é "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves, que é um livro que vai trazer como protagonista a Kehinde, uma menina que nasce num país do continente africano e é trazida para o Brasil na condição de escravizada, perde toda a família. É um livro maravilhoso, importantíssimo, apesar de temas muito difíceis. Mas vai mostrar a realidade da formação social do nosso país, vai trazer um aspecto histórico do Brasil que é muito relevante e que precisa ser sempre relembrado e discutido.

No que diz respeito à literatura portuguesa, há algum autor mais marcante para si?

Ah, eu gosto muito de Valter Hugo Mãe. Eu menciono-o muito no meu livro, inclusive escreveu a orelha [texto na aba]. Comecei como um grande fã e hoje em dia ele é um amigo, esteve agora no Brasil comigo, também num evento. "Filho de mil homens" é um dos meus livros favoritos da vida, agora até vai ser adaptado para as telas.

Tem também Afonso Cruz, gosto muito de "Vamos Comprar um Poeta". É um dos meus livros favoritos da vida, também. E Saramago, não tem como não falar, sou apaixonado por ele. "Ensaio sobre a Cegueira" é outro dos meus livros favoritos.

Eu gosto muito de literatura portuguesa. E tem Gonçalo M. Tavares, que eu não li ainda, mas quero muito ler, assim como Dulce Maria Cardoso. Tem autores ainda que eu preciso conhecer. Ou seja, a lista nunca acaba: há sempre mais para ler, ela só cresce cada vez mais, cada vez mais. Cresce, cresce, cresce [risos].

Isso também acaba por ser positivo, significa que há futuro na literatura e há mais a ler.

Exato. Nunca vai acabar, não tenho dúvidas. O leitor nunca vai sentir falta de boas recomendações.

Neste momento, que livro recomendaria a um jovem para ler nas férias?

Recomendaria "Capitães da Areia", de Jorge Amado, um livro que marcou muito a minha adolescência. Foi um dos primeiros livros que me despertou para a paixão pelos livros. Acho que ele conversa muito com adolescentes, com jovens. É um livro gigante, quer conhecer aquelas personagens. Eu gosto demais.

Voltando à sua vinda a Portugal. O que espera encontrar?

Eu quero também conhecer muito sobre o mercado editorial português. É promover uma troca de experiências de alguém que conversa muito com leitores brasileiros, mas que também tem seguidores de Portugal. É importante aprender com outros mercados e com outros leitores o que está funcionando em Portugal  e que poderia funcionar no Brasil — e poder levar também o que está funcionando no Brasil para Portugal. Não tenho dúvidas de que nesse mercado dos livros — que é um mercado pequeno e que precisa cada vez mais de apoio — qualquer contribuição é bem-vinda. E a gente não é concorrente, nem competidor. Todo o mundo tem de se unir para conseguir crescer.

Do que já se vai apercebendo, quais é que acha que são as diferenças e as semelhanças entre os dois países?

No que toca a literatura, acho que ainda preciso entender um pouquinho mais. Eu vejo que cada vez mais as barreiras estão diminuindo, cada vez mais a gente encontra mais semelhanças do que diferenças em países. Com a própria rede de internet, os comportamentos e as tendências ficam muito semelhantes, quando a gente fala de países ocidentais.

Portugal e Brasil têm uma conexão muito forte, com essa troca de cultura, de conteúdo. Então acredito que as semelhanças são grandes, falando nessa dificuldade dos jovens para ler, nessa dificuldade de concentração, com as telas tomando conta. Acho que o comportamento dos jovens está muito semelhante nos dois países, mas eu quero aprender o que está sendo feito para conseguir combater isso de alguma forma.

Se tivesse de deixar agora uma mensagem aos jovens, aos que leem e àqueles que estão ainda assim um bocadinho de pé atrás com a leitura, o que diria?

Eu diria que a literatura transformou a minha vida. Se não fossem os livros, eu não ia estar vivendo o que eu vivo hoje, podendo me aceitar como eu sou, vivendo o Pedro por inteiro. A literatura trouxe conexões maravilhosas, tanto com personagens das obras que eu li, como com amigos que eu fiz por conta da leitura. Então o que eu posso dizer para esses leitores é que eles acham que estão lendo um livro que vai trazer só entretenimento, mas estão enganados: tem entretenimento, que é maravilhoso, mas vai trazer um conhecimento sobre eles mesmos — um conhecimento sobre o diferente, sobre o outro, e vai criar laços que vão durar para a vida inteira.