"Isso é um retrocesso que a própria União Democrata-Cristã (CDU) está fazer na União Europeia (UE) para calar as bocas a uma minoria de direita populista, pondo todas as camadas de migrantes dentro da mesma perspetiva", disse Stoffel, em declarações à agência Lusa na Alemanha.
A proposta, apresentada pela Juventude da União, prevê que filhos de imigrantes que tenham nascido na Alemanha voltem a ter de escolher entre uma das nacionalidades, sendo que a possibilidade de manter as duas cidadanias tinha sido aprovada em 2014 como parte de um acordo da coligação da CDU e o Partido Social-Democrata (SPD).
"O interessante é saber que vem da juventude democrata cristã, porque esperávamos que eles tivessem uma abertura maior mas, na verdade, eles estão aqui a fazer um tipo de política, provavelmente virada contra a senhora Merkel e contra o próprio Thomas de Maizière que foi um dos apologistas desta lei", referiu Stoffel, acrescentando que a Juventude da União está a enviar "uma mensagem errada".
O conselheiro para as comunidades na Alemanha referiu que, se a medida seguir em frente, será negativa para a comunidade portuguesa no país, indo "contra o direito de dupla nacionalidade que é reconhecido pelo estatuto da União Europeia".
Stoffel acrescentou que a preparação da CDU para as eleições gerais do próximo ano tem resultado num distanciamento do centro-direita "por grupo democrata cristão que está a voltar às raízes nacionalistas".
O conselheiro considera que o partido de Angela Merkel "perdeu um bocadinho o norte" em resposta à popularidade do partido populista e xenófobo Alternativa para a Alemanha (AfD).
O congresso do partido, que está a decorrer em Essen, adotou por maioria a revogação da norma atual (aprovada em 2014 durante a grande coligação do Governo Merkel), proposta pela Juventude da União.
Esta norma afeta principalmente crianças de pais turcos, que, se a iniciativa da CDU seguir em frente, teria permissão para manter as duas nacionalidades até a maioridade e, em seguida, deve decidir por uma.
O próprio ministro do Interior, Thomas de Maizière, defendeu perante o congresso a fórmula vigente, em vez de proceder à sua revogação, mas os delegados pronunciaram-se contra.
Thomas de Maizière argumentou que no caso de o partido ganhar as eleições gerais de 2017, não será possível revogar a norma da dupla nacionalidade porque nenhum dos potenciais novos aliados apoiará esta medida.
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