“Hoje estou em Waterloo depois de uns dias extremamente difíceis”, escreveu Puigdemont na rede social X.
Dirigentes do partido de Puigdemont, o Juntos pela Catalunha (JxCat), tinham já assegurado hoje de manhã que o dirigente independentista já não se encontrava em Espanha e estava a regressar a Waterloo, cidade belga onde vive desde 2017, para fugir à justiça espanhola.
A polícia catalã afirmou a seguir não confiar nas declarações dos dirigentes do JxCat e disse que continuava a procurar Puigdemont dentro da Catalunha.
No texto publicado na rede social X esta noite, Puigdemont condena a operação policial montada na Catalunha pela polícia e o governo da região para o deter, quando está em vigor uma lei de amnistia para independentistas e quando é perseguido pela justiça “por razões políticas”.
Puigdemont critica também “a caça às bruxas” de que considera que estão a ser alvo várias pessoas só por terem sido vistas ao seu lado em Barcelona e a forma como estão a ser “castigados” membros da polícia catalã (Mossos d’Esquadra) “pelo seu compromisso cívico”.
Pelo menos três membros dos Mossos d’Esquadra foram detidos pela própria polícia da Catalunha por suspeita de terem ajudado Puigdemont a chegar ao centro de Barcelona e depois a fugir sem ser detido, na quinta-feira.
O Supremo Tribunal de Espanha recusou, num primeiro parecer, conceder a amnistia para independentistas a Carles Puigdemont aprovada pelo parlamento espanhol, pelo que o antigo presidente do governo regional continua a ser alvo de um mandado de detenção em Espanha.
Apesar disso, conseguiu surgir na quinta-feira em público em Barcelona sem ser detido.
Depois de, a partir de um palco, se ter dirigido a mais de 3.000 pessoas concentradas numa praça do centro da cidade, o dirigente separatista desapareceu.
Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado que estaria na sessão parlamentar de quinta-feira convocada para investir o socialista Salvador Illa novo presidente do governo catalão.
A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local, onde se esperava que fosse detido.
Os Mossos d’Esquadra acionaram depois a “operação Jaula”, um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizá-lo, mas sem sucesso.
Na quinta-feira, e perante as críticas, os Mossos divulgaram um comunicado em que garantiram que tentaram deter Puigdemont nas ruas de Barcelona mas não conseguiram porque a prioridade foi evitar distúrbios, sublinhando que o político esteve sempre rodeado por milhares de pessoas e autoridades.
Numa conferência de imprensa hoje, o comissário-chefe dos Mossos d’Esquadra acusou Puigdemont de deslealdade com a polícia da Catalunha ao tentar usar a sua eventual detenção para desestabilizar a investidura de Salvador Illa.
Eduard Sallent admitiu que os Mossos não conseguiram prender Puigdemont “por mais que tentassem” e denunciou uma “verdadeira campanha de desinformação” por parte da comitiva do ex-presidente do Governo catalão sobre o seu regresso a Espanha.
De acordo com o responsável da polícia, os Mossos d’Esquadra acreditaram no que Puigdemont estava a anunciar há dias sobre as suas intenções de assistir à sessão parlamentar.
“É alguém que foi presidente da Generalitat, não é um Jodorovich ou uma pessoa que se dedica ao crime organizado”, disse.
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