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A independente Catherine Connolly, de 68 anos, venceu com ampla vantagem as eleições presidenciais na Irlanda, conquistando cerca de 64% dos votos, segundo as projeções após a contagem de dois terços das urnas. A principal adversária, Heather Humphreys, de 62 anos, ex-ministra e candidata do Fine Gael (centro-direita), reconheceu a derrota este sábado, desejando-lhe “tudo de melhor” para o mandato.

O candidato do Fianna Fáil, Jim Gavin, que havia desistido da corrida antes do dia da votação, ainda assim obteve 7% dos votos. A participação eleitoral foi baixa — apenas 40% dos 3,6 milhões de eleitores — e cerca de 13% dos boletins foram nulos, um recorde histórico interpretado como sinal de frustração com as opções políticas disponíveis.

A vitória de Catherine Connolly é vista como uma forte resposta ao governo de centro-direita liderado por Fine Gael e Fianna Fáil, num contexto de crise na habitação, aumento do custo de vida e desgaste dos partidos tradicionais. “Quero agradecer a todos — inclusive àqueles que não votaram em mim. Compreendo as preocupações e quero ser uma Presidente para todos os irlandeses”, afirmou Connolly após conhecer os resultados.

Antiga psicóloga clínica e advogada, Catherine Connolly construiu uma campanha centrada na justiça social, na defesa da neutralidade irlandesa e na crítica ao militarismo europeu e ocidental. A candidata, inicialmente vista como alguém de fora da política, mobilizou o eleitorado jovem através das redes sociais e obteve o apoio de figuras da cultura irlandesa, como os músicos Kneecap e The Mary Wallopers.

A sua candidatura acabou por reunir uma aliança inédita de partidos de esquerda, incluindo o Sinn Féin, Partido Trabalhista, Sociais-Democratas, Verdes e Pessoas Antes do Lucro.

Catherine Connolly sucede a Michael D. Higgins, atual chefe de Estado, e tomará posse a 11 de novembro para um mandato de sete anos. Embora tenha garantido que respeitará os limites constitucionais da presidência, analistas prevêem possíveis tensões com o governo devido às suas posições políticas mais assertivas e críticas.

O Politico refere, por exemplo, que Catherine Connolly tem sido abertamente crítica da NATO, da União Europeia e de planos de militarização europeia, comparando, por exemplo, o aumento do gasto militar na Alemanha com a militarização nazi da década de 1930. Defendeu também o direito do Hamas de ter um papel futuro num Estado palestiniano, o que gerou críticas do governo irlandês, incluindo do primeiro-ministro Micheál Martin.

Durante a campanha, Catherine Connolly enfrentou críticas por ter visitado zonas controladas pelo regime de Bashar al-Assad na Síria, mas rejeitou acusações de propaganda pró-regime, classificando-as como “culpa por associação”.

Veteranos da diplomacia irlandesa alertam que, como presidente, Catherine Connolly poderá gerar confusão sobre a posição oficial da Irlanda no mundo, devido às suas posições críticas sobre a UE, a NATO e o militarismo ocidental. Segundo Bobby McDonagh, ex-embaixador irlandês no Reino Unido e na UE, declarações como a comparação do gasto militar alemão com a era nazi são “absurdas” e podem prejudicar a reputação e interesses da Irlanda internacionalmente.

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