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A investigação revelou que os imigrantes eram mantidos sob coação e ameaças, obrigados a pagar por alojamento, alimentação e transporte, e recebiam salários inferiores aos praticados no mercado. Alguns militares da GNR recebiam €200 por semana e €400 ao fim de semana para controlar os trabalhadores, atuando fora das suas funções e infringindo os deveres de serviço público. O grupo é acusado de crimes como tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal, falsificação, fraude fiscal, branqueamento de capitais, corrupção ativa e passiva e abuso de poder.
A operação decorreu com total colaboração da GNR, que garantiu que os militares detidos permaneceram sob a sua guarda até serem apresentados ao juiz para interrogatório. A PSP esclareceu que o agente detido estava desarmado e de baixa prolongada há 14 meses, permanecendo em celas provisórias até ser ouvido. A GNR e a PSP afirmaram repudiar qualquer violação de direitos humanos e comprometeram-se a responsabilizar criminal e disciplinarmente os envolvidos, em colaboração com a PJ e o Ministério Público.
O DCIAP sublinha que os elementos das forças de segurança atuavam como capatazes, aproveitando-se da fragilidade documental, social e económica dos imigrantes para obter vantagens financeiras, ameaçando-os para que não denunciassem abusos. A organização criminosa é descrita como um grupo violento de estilo mafioso, que explorava centenas de trabalhadores e recorria a violência física em alguns casos.
Especialistas e ONG alertam que a presença de militares da GNR e agentes da PSP em redes de exploração fragiliza a confiança no Estado e nas instituições, especialmente junto dos imigrantes, mas consideram que as instituições públicas são suficientemente sólidas para não serem abaladas por estes casos isolados. Defendem ainda que o foco deve ser o combate às teias criminosas e à pobreza, não a penalização das vítimas mais vulneráveis.
A investigação prossegue, com os detidos a começar a ser ouvidos pelo juiz no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) e com acompanhamento da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) quanto aos processos administrativos e disciplinares dos elementos das forças de segurança.
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