Do Céu ao Inferno, basta ano e meio
Edição por António Moura dos Santos
6 de janeiro de 2019. Talvez poucos se recordem desta data, mas foi este o dia em que o Benfica voltou a ter esperança. Findado o ciclo de Rui Vitória, foi nesta noite invernal que as águias venceram o Rio Ave em casa por 4-2, mas, mais importante do que isso, foi sob o auspício dessa vitória que Bruno Lage se estreou como técnico dos encarnados.
A confirmação surgiu 8 dias depois, quando foi oficializado como treinador da primeira equipa, e a consagração ao fim de cinco meses: de adjunto de Carlos Carvalhal e técnico da equipa B dos encarnados, Bruno Lage fez do Benfica um campeão improvável.
Na altura, chamámos-lhe de “salvador imperturbável”, mas o tempo tratou de retirar brilho a esse lustroso epíteto, e se Bruno Lage surgiu para resgatar o clube dos pecados de Rui Vitória, agora, 541 dias depois do fatídico jogo com bis de João Félix e Seferovic, segue os passos do seu antecessor.
Com o Benfica em queda livre — apenas duas vitórias nos últimos 13 jogos — e com a luta do título por um fio, o treinador sadino pediu a demissão a Luís Filipe Vieira depois da derrota das águas frente a um Marítimo a lutar para não descer de divisão. E o presidente dos encarnados, já se apurou, aceitou esse pedido.
Depois de um início fulgurante de época — coroado com uma vitória por 5-0 sobre o Sporting para a Supertaça — o Benfica raramente teve tropeções a nível interno, excluindo-se uma derrota em casa com o FC Porto. A entrada em 2020, porém, teve outros tons, e a paragem devido à Covid-19 não explica a quebra de rendimento por si só, já que o Benfica já vinha apresentando maus resultados antes da pandemia.
Depois de uma prestação medíocre na Liga dos Campeões e um afastamento surpreendente na Taça da Liga, aquilo que parecia ser uma temporada segura começou a sofrer sucessivos abanões. Com sete pontos de avanço sobre o FC Porto, as derrotas consecutivas com os dragões e o Braga abriram a caixa de Pandora, e quando a covid-19 chegou, o Benfica já não era líder.
O que aconteceu entre épocas para justificar isto? A saída de João Félix? A falta de rendimento de sonantes contratações — Raúl de Tomás e, até certo ponto, Julian Weigl — e de jogadores como Pizzi ou Seferovic? A aposta excessiva em jovens atletas demasiado verdes para serem “largados às feras”? Um modelo tático esgotado? São inúmeras as variáveis.
O que é certo é que, como aconteceu com Rui Vitória, o fantasma da contestação começou a impor-se sub-repticiamente até tornar-se material, e nas últimas semanas o ruído à volta de Bruno Lage tornou-se ensurdecedor. O próprio treinador, antes louvado pelo seu discurso construtivo, também deixou-se levar pela instabilidade.
A saída do técnico sadino, porém, não se deve só ao seu trabalho per se. O Benfica, conhecido pelo Inferno da Luz, arrisca tornar-se um Inferno para os seus treinadores, sendo que são tantas as semelhanças entre as saídas pela porta pequena de Lage e Vitória que não é ousado perguntar o que se passa junto da estrutura do clube.
Presidente do clube desde 2003, Luís Filipe Vieira conduziu os destinos do Benfica entre glórias e desaires, controvérsias e louvores. Hoje, também ele é alvo de contestação e o próprio assumiu ser “o culpado” do momento do clube. De Jorge Jesus a Mauricio Pochettino, são vários os rumores que se somam como sucessores de Lage, mas a instabilidade que reina na Luz pode afugentar potenciais candidatos
Apesar da vitória do FC Porto em Paços de Ferreira, dilatando a diferença pontual para seis pontos, o Benfica não só ainda tem hipóteses de vencer o campeonato, como ainda tem uma Taça de Portugal para disputar. O momento, porém, não só é mau, como não auspicia nada de bom para o futuro próximo.
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