"A operação para Boston e a operação para o Brasil faz parte do plano da TACV para os próximos tempos. Nós estamos a fazer um esforço enorme (...), o Governo tem estado a dar um apoio e a injetar dinheiro na companhia para poder ligar a companhia com a diáspora, para poder trazer e fomentar cada vez mais esta interligação com a diáspora, no meio de toda esta turbulência", afirmou o ministro Carlos Santos, ao responder a perguntas dos deputados durante a sessão parlamentar ordinária que decorre hoje na Assembleia Nacional, na Praia.

Acrescentou que a TACV está a negociar com empresas de 'leasing' do setor o fornecimento de uma segunda aeronave, para acrescentar ao Boeing 737-700 alugado desde março pela companhia de bandeira cabo-verdiana à congénere angolana e que assegura as ligações de Cabo Verde a Portugal.

"Também para vos informar que o primeiro avião que nós temos, que foi produto da parceria com a TAAG, vai chegar ainda neste fim de semana já repintado e também redimensionado a nível do interior para dar um melhor serviço na rota para Portugal", respondeu o ministro.

Essa segunda aeronave, esclareceu, permitirá retomar as ligações com Boston, nos Estados Unidos da América, onde reside a maior comunidade cabo-verdiana na diáspora, mas também com o Brasil e França.

"Esperemos que o mais brevemente possível consigamos ter esta segunda aeronave para que possamos cumprir esse desiderato que é ligar a diáspora com Cabo Verde. E é com essa visão que o Governo está a apostar na TACV para conseguirmos ter uma companhia que possa impedir o monopólio das linhas internacionais", afirmou.

"Vejam que neste pouco tempo a TACV já conseguiu transportar 28.000 passageiros. Significa que são 28.000 emigrantes cabo-verdianos, residentes e turistas que vieram a Cabo Verde a preços módicos de cerca de 500 euros. Isto é obra, isto significa que estamos a cumprir com afinco e com a visão de ter a nossa diáspora ligada a nós", sublinhou ainda.

Contudo, enfatizou que Cabo Verde já é servido atualmente por uma rota para Boston, através da Azores Airlines, a partir da Praia e via Açores: "Muito brevemente nós estaremos a anunciar a vinda da segunda aeronave. Mas digo com toda a franqueza que neste momento a comunidade cabo-verdiana nos Estados Unidos está servida por uma linha que vem conseguindo dar resposta".

A Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) foi vendida (51%) a investidores islandeses e renacionalizada em julho de 2021 devido à pandemia de covid-19, tendo retomado os voos apenas em dezembro do ano passado.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines -- nome comercial da companhia) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

O Estado cabo-verdiano vai injetar anualmente mil milhões de escudos (9,1 milhões de euros) na TACV, para garantir a estabilidade e recuperação da companhia aérea, antes de a reprivatizar em 2024, anunciou em setembro o ministro Carlos Santos.

"Até 2024, é a nossa previsão para estabilizar a companhia, ter a companhia apetecível para poder ser privatizada", anunciou o ministro Carlos Santos, confirmando que nas contas do Governo está prevista uma injeção global de 3.000 milhões de escudos (27,3 milhões de euros), em três anos, incluindo 2022.

A previsão do Governo é privatizar a TACV, renacionalizada no âmbito das consequências e restrições provocadas pela pandemia de covid-19, após três anos de apoio, sendo que parte da verba de 9,1 milhões de euros prevista para este ano, de acordo com o ministro, já foi utilizada, nomeadamente para pagar salários na companhia.

"Este é o objetivo que nós temos definido: 2024 [privatização]", afirmou hoje o ministro do Turismo e Transportes, em conferência de imprensa de balanço da reunião do Conselho de Ministros em que foi aprovada a proposta de resolução que autoriza o acionista Estado a "colocar à disposição" da TACV "recursos financeiros para garantir a estabilidade da empresa".

Na sequência da paralisação da companhia durante a pandemia, o Estado assumiu em 06 de julho de 2021 a posição de 51% na TACV, alegando vários incumprimentos na gestão, e dissolveu de imediato os corpos sociais, detendo atualmente 90% do capital social.

A TACV retomou as operações, após a suspensão de todas a atividade em março de 2020 devido à pandemia, inicialmente com voos apenas entre Praia e Lisboa, desde o final de dezembro. Com apenas uma aeronave, os voos foram alargados já este ano das ilhas de São Vicente e do Sal para a capital portuguesa.

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