"O meu comunicado, lido com atenção, diz tudo o que eu quis dizer. Eu, como Presidente da República, tomei nota dos resultados anunciados pelo Conselho Constitucional e, depois, apelei muito, muito ao diálogo em relação a este momento da vida. Foi isto que eu disse e só isso", assinalou Marcelo Rebelo de Sousa durante uma visita ao Barreiro para a tradicional ginjinha de Natal, onde vai desde que foi eleito em 2016.
Marcelo respondia a questões colocadas pelos jornalistas sobre as críticas motivadas pelo seu comunicado, bem como pelo do Governo, sobre o resultado das presidenciais em Moçambique.
Ao início da tarde, Venâncio Mondlane considerara lamentáveis os comentários do Presidente da República e do primeiro-ministro de Portugal sobre a proclamação da Frelimo e do seu candidato presidencial como vencedores das eleições pelo Conselho Constitucional de Moçambique (CC).
"É realmente lamentável que o primeiro-ministro e o Presidente da República portuguesa tenham feito pronunciamentos a confirmar ou a felicitar a Frelimo e o seu candidato em função de resultados altamente problemáticos, falaciosos e adulterados que foram proclamados pelo CC", disse hoje Venâncio Mondlane, na sua conta do Facebook.
O candidato da oposição foi mais longe, afirmando: "É lamentável, um país que achávamos que podia ser a entrada de Moçambique para Europa, para que fossem nossos porta-vozes para alcançarmos uma situação de paz e passividade em relação à crise que Moçambique está a viver".
A violência pós-eleitoral em Moçambique foi desencadeada pela não aceitação dos resultados das eleições presidenciais e legislativas de 09 de outubro por parte de Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar).
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar.
O anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Até agora, segundo dados provisórios, já morreram mais de 130 pessoas.
Na capital, Maputo, vive-se hoje um novo dia de caos, com avenidas bloqueadas por manifestantes, pneus a arder e todo o tipo de barricadas, em contestação ao anúncio dos resultados, que envolvem saques e destruição de vários estabelecimentos privados e públicos, incluindo bancos.
Além de Venâncio Mondlane, também Ossufo Momade, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, até agora maior partido da oposição) e Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), ambos candidatos presidenciais, anunciaram que não reconhecem os resultados eleitorais.
JPS (JSD/PVJ) // PDF
Lusa/Fim
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