Nelson Rita das Neves, de 23 anos, "entrou na PJ na manhã de hoje a andar pelos próprios pés e saiu de lá morto", contou Elisabete Rita, uma das irmãs do jovem que era procurado pela polícia de São Tomé e Príncipe há cerca de dois meses.

Segundo o relato familiar, agentes da PJ detiveram nos últimos dias três membros próximos do foragido, incluindo o seu avô para interrogatório.

"Depois dessas detenções, nós ligámos para ele, que por sua vez ligou para o seu cunhado, Sérgio Garrido, um major das Forças Armadas, a informar que queria se entregar", afirmou Elisabete Rita.

Segundo a irmã, foi o próprio cunhado quem o levou, pelas 22:00 de quinta-feira, às instalações da penitenciária, de onde foi transferido hoje de manhã para a PJ "com uma guia de marcha", declarou Elisabete Rita, no que foi corroborada por uma sobrinha, Sali.

"A PJ não trabalhou, porque não é possível uma pessoa ficar foragida durante cerca de três meses e não ser apanhada num país desse tão pequeno. Se eles o tivessem perseguido, e deram um tiro, isso é outra coisa", lamentou Sali.

A sobrinha do jovem, perante o desfecho, acusou: "A Polícia Judiciaria é mais criminosa do que o meu tio".

O diretor dos Serviços Prisionais e de Reinserção Social (SPRS), Lazaro Afonso confirmou que Nelson Rita das Neves se entregou às suas forças sem "qualquer resistência, com apoio de um oficial das Forças Armadas".

"Foi uma entrega voluntária, ele não procedeu como alguns indivíduos que cometem crime procedem", explicou o diretor do SPRS, que manifestou "espanto" quando soube da morte do jovem.

"Isso caiu-me como um banho de água gelada, esta atitude para mim é condenável, porque nós entregamos um homem com vida e gostarias de voltar a recebê-los na prisão com vida", lamentou.

O diretor adjunto da PJ, Avelino Espírito Santo, assegurou que já "está determinada a abertura de um inquérito para o apuramento" da situação.

"A PJ esclarece e garante que em consonância com a Procuradoria-Geral da República será instaurado um inquérito disciplinar e criminal para apurar-se a veracidade das circunstâncias que causaram a morte do cidadão, enfatizando que após a conclusão do inquérito e apurar-se responsabilidade, os infratores serão responsabilizados", disse o responsável.

Fonte hospitalar contactada pela Lusa indicou que o corpo do jovem apresenta "hematomas múltiplos, característicos de violenta agressão física".

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