Os dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que a variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi 10,1% em outubro de 2022, taxa superior em 0,8 p.p. à registada no mês anterior e a mais elevada desde maio de 1992.
A mesma informação mostra que entre as várias classes de produtos que integram o cabaz do INE, na Classe 4 (Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis) "destaca-se a aceleração registada no sub-subgrupo do gás natural, com uma variação homóloga de 151,8% (47,8% em setembro) e que contribuiu em 0,5 p.p. para o aumento da taxa de variação homóloga do IPC total entre setembro e outubro".
Na comparação com janeiro, este produto energético contribuiu em 0,7 p.p. para aceleração da taxa de variação homóloga entre o primeiro e o décimo mês do ano. A explicar a aceleração observada em outubro esteve o aumento de preços do gás natural registado neste mês, tal como anunciado pelas operadoras e justificado pela evolução observada nos mercados internacionais.
Numa sessão informativa sobre o IPC hoje realizada no INE, o responsável do Departamento de Contas Nacionais, Pedro Oliveira, afirmou não existir informação sobre o que vai acontecer nestes meses seguintes, admitindo contudo que a passagem do mercado liberalizado para o regulado possa ter um efeito em sentido oposto ao que agora se verificou.
Permitir aos consumidores a passagem para o mercado regulado do gás foi, recorde-se, uma das medidas tomadas pelo Governo para mitigar o impacto do aumento dos preços da energia na fatura das famílias.
Os dados hoje divulgados pelo INE mostram ainda que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português apresentou uma variação homóloga de 10,6%, superando em 0,8 p.p. a do mês anterior e inferior em 0,1 p.p. ao valor estimado pelo Eurostat para a área do euro.
Porém, quando se excluem do cabaz os produtos alimentares não transformados e energéticos, o IHPC em Portugal atingiu uma variação homóloga de 8,0% em outubro -- superando os 7,9% em setembro, e também a taxa correspondente para a área do Euro (estimada em 6,4%), "mantendo o perfil ascendente verificado nos últimos meses".
A explicar o valor mais elevado da inflação subjacente medida pelo IHPC em Portugal está essencialmente o alojamento - refletindo a subida de preços registada e o facto de ter um peso mais relevante do que em outros países europeus.
O IPC é um indicador mensal que mede a evolução dos preços de um conjunto de bens e serviços representativos da estrutura de despesa monetária de consumo final das famílias em Portugal e distingue-se de um índice de custo de vida.
É que enquanto o índice de inflação mede a despesa adicional que tem de se fazer para manter o mesmo cabaz de consumo, o índice de custo de vida mede a despesa adicional que se tem de realizar para se manter o meso nível de satisfação ou de bem-estar.
Para o cálculo do IPC todos os meses 140 entrevistadores recolhem cerca de 120 mil preços de cerca de 1.300 bens e serviços representativos. A composição total deste cabaz não pode ser divulgada, mas nele se incluem itens tão distintos como morangos, calças de ganga, propinas, cortes de cabelo ou seguros.
Anualmente a estrutura de ponderação do IPC é atualizada, podendo a amostra deixar de incluir uns produtos e bens para passar a incluir outros. Entre exemplos de entradas nos últimos anos estão as máscaras cirúrgicas ou as cápsulas de café. Já as cigarrilhas e as máquinas elétricas de costura saíram.
LT // CSJ
Lusa/Fim
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