Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa, na sessão de lançamento do livro "O legado de Manuela Silva", da editora Almedina, partindo do exemplo desta economista e professora universitária que morreu em 2019.

"O encontrar expedientes de ocasião, o salvar 'in extremis' situações de emergência, o viver para o imediato é o contrário do legado de Manuela Silva, e eu sinto que esse é um dos problemas sérios das sociedades democráticas em geral e da sociedade portuguesa em particular", afirmou.

Segundo o Presidente da República, "integridade, solidariedade e militância" são "três traços" que definem bem Manuela Silva, que se destacou no estudo da pobreza.

"São estas lições que constituem um apelo para todos nós, um apelo de integridade, tão difícil, tão difícil porque o dia a dia convida a mais ou menos pequenos desvios ou acomodamentos -- noutros tempos se dizia aburguesamentos", defendeu, em seguida.

"Mas depois também, para todos nós, o apelo da solidariedade", acrescentou.

De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, "a sucessão de crises transforma as pessoas em egoístas", as dificuldades provocam um "confinamento do egoísmo" e "é aí que o exemplo de Manuela Silva é fundamental: resistir a essa tentação".

Perante "a sucessão de crises conjunturais", o chefe de Estado criticou "o acorrer a essas crises apagando fogos, o olhar para o curto prazo", manifestando-se contra o que apelou de "ditaduras dos momentos fugazes".

Invocando uma vez mais o exemplo de Manuela Silva, concluiu: "É bom que se lute por esta causa, por esta visão, por este legado, alargando os horizontes, sublinhando os valores e os empenhamentos sociais, não ficando preso àquilo que é que é o mais urgente, a ditadura do momento".

Nesta sessão também discursou o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.

IEL // JPS

Lusa/Fim