Segundo a agência EFE, a votação, que foi constantemente interrompida por apitos, gritos e assobios da bancada da oposição, foi aprovada com o apoio dos partidos da coligação governante, liderada pelos sociais-democratas que, no entanto, impuseram uma série de condições ao Governo face às negociações com a UE.

O Parlamento exige que o macedónio seja oficialmente reconhecido, sem reservas de qualquer tipo, como a língua do país, algo que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, assegurou estar garantido na proposta da UE.

A Bulgária, que ergueu o seu veto contra a adesão, insiste que a Macedónia do Norte deve reconhecer que a língua macedónia tem raízes búlgaras e que ambos os povos tiveram uma história comum no passado, mas a Macedónia do Norte assumiu que a sua identidade e a língua não estão abertas à discussão.

Em troca do seu apoio, os deputados salientaram que qualquer questão bilateral deve ser negociada entre os dois países e não deve tornar-se nos "critérios de que dependa a adesão à UE".

No seu discurso de quinta-feira no Parlamento de Skopje, tanto Úrsula von der Leyen como o primeiro-ministro, Dimitar Kovacheski, referiram-se ao assunto e asseguraram que as questões bilaterais não fazem parte do quadro de negociação com Bruxelas.

A proposta de compromisso aceite pela Bulgária prevê a realização imediata de uma primeira Conferência Intergovernamental, que poderá ter lugar já na próxima semana.

No entanto, a Conferência Intergovernamental é de natureza puramente política, pois as próprias negociações não começariam até que uma emenda constitucional inclua os búlgaros (cerca de 3.500 pessoas) como povos constitutivos do Estado.

Um requisito que originaria mais problemas, uma vez que requer o suporte de dois terços do Parlamento.

A oposição macedónia, muitos intelectuais e também ONG (Organizações Não Governamentais) tradicionalmente próximas da coligação social-democrata no poder rejeitam a proposta porque consideram que contém artigos que a Bulgária poderia usar para vetar negociações de adesão no futuro.

Uma sondagem realizada no início do mês pelo Instituto de Análise Política mostrou que apenas 29% dos cidadãos deste país multiétnico apoiam a proposta da UE.

O debate voltou a ser acompanhado por manifestações de rua, protestos promovidos, sobretudo, pela oposição nacionalista, que se realizam diariamente há mais de dez dias.

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