"Nós queremos resolver o problema. Então ajudem-nos a resolver o problema, não nos compliquem", declarou Filipe Nyusi, durante a cerimónia de encerramento do ano académico do Instituto Superior de Defesa Armando Guebuza, em Maputo.
Em causa estão as várias queixas de irregularidades no enquadramento dos professores na nova Tabela Salarial Única (TSU), um modelo que tem sido contestado por várias classes na função pública moçambicana.
Na quinta-feira, um grupo de professores moçambicanos convocou a imprensa para alertar que os profissionais do setor vão boicotar os exames, em todo o país, a partir de terça-feira, caso o Governo não responda às reivindicações sobre a nova tabela salarial.
Além de cortes de alguns subsídios, uma queixa de outras classes na função pública moçambicana, os professores alertam para casos de docentes com título N1 (professores com grau de licenciatura) que desceram de categoria em função dos novos critérios impostos pela TSU e, consequentemente, viram os seus salários líquidos reduzidos.
Filipe Nyusi criticou o facto de os professores e outros classes profissionais "gritarem nas televisões" face às anomalias na aplicação da TSU, referindo que o Governo não foi obrigado a criar a tabela.
"Então eu também devo gritar quando as coisas estão mal, o ministro [também] tem de gritar", questionou o Presidente, reconhecendo, no entanto, erros na aplicação da TSU.
"Nessa tabela há coisas que estão erradas e eu sei", frisou.
A ameaça de boicote aos exames acontece após a Organização Nacional dos Professores (ONP), a maior e mais antiga do país, ter reconhecido, em conferência de imprensa, irregularidades no enquadramento de professores na nova TSU, defendendo diálogo permanente e afastando qualquer cenário de greve.
Na quarta-feira, o executivo moçambicano foi solicitado pela Assembleia da República para debater, com caráter urgente, os "riscos de paralisação da função pública.
O ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, considerou, no parlamento, legítimas algumas reclamações apresentadas pelos funcionários públicos em relação à nova matriz salarial, destacando que umas decorrem de falhas processuais, outras resultam de interpretação e outras ainda derivam da gestão de expectativas.
O debate com caráter de urgência dos "riscos de paralisação da função pública" acontece num contexto em que várias classes profissionais da função pública contestam a TSU, devido a erros de enquadramento, eliminação de subsídios e redução de salários.
A Associação Médica de Moçambique remarcou para 05 de dezembro a greve nacional que estava marcada para segunda-feira após avanços negociais, mas ainda a aguardar por resposta a várias reivindicações.
A Associação Moçambicana de Juízes (AMJ) ameaçou, na segunda-feira, impugnar a nova matriz remuneratória, considerando que o instrumento "põe em causa o estatuto constitucional dos juízes".
LYN (PMA) // PJA
Lusa/Fim
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