José Ramos-Horta, que falava de improviso e "de coração" durante sessão solene no parlamento angolano, no âmbito da sua visita de Estado a Angola manifestou-se honrado pela sessão plenária extraordinária em sua homenagem.
"É uma honra estar aqui nesta sala da democracia ao lado do busto do fundador de Angola, médico, poeta e escritor Agostinho Neto, perante ele, a memória de Agostinho e de tantos angolanos heróis que tombaram por este país, curvo com respeito e também com gratidão", disse Ramos-Horta.
O Presidente timorense referiu que as relações entre Angola e o seu país datam desde o período da proclamação da independência do país africano, em 11 de novembro de 1975, ocasião, em que, recordou, estava em Angola uma pequena delegação de Timor-Leste.
Angola, juntamente com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), bem como Portugal e Brasil, estiveram sempre juntos de Timor-Leste ao longo dos 24 anos de luta pela independência, realçou.
José Ramos-Horta destacou, no seu discurso perante o plenário da Assembleia Nacional de Angola, os 22 anos de restauração da independência de Timor-Leste, após a desanexação da Indonésia, referindo que tal passo "não seria concretizado sem a solidariedade internacional".
"Não teria acontecido sem o compromisso de países como Angola, Cabo Verde, Guine Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Brasil, não teríamos conseguido sem a inspiração de Agostinho Neto e de tantos outros líderes angolanos e também de outros países de língua portuguesa", notou.
Hoje Timor-Leste "é livre, vive em paz, e a seguir à restauração da independência optamos pelo sarar de feridas, reconciliar a sociedade, reconciliar o país, normalizar relações com a nossa vizinha Indonésia", referiu.
O estadista timorense enalteceu a coragem política e a seriedade de Angola, afirmando que o país africano "é um grande exemplo" de como ultrapassar períodos sangrentos da história, reconciliar a nação, sarar as feridas, reconstruir e desenvolver o país.
"Timor-Leste é (também) um desses exemplos, não olhamos para trás, honramos os mortos, curamos as feridas, e recusamos a justiça dos vencedores. Hoje Timor-Leste vive em paz, em plena democracia (...)", disse.
Considerou, no entanto, "inaceitáveis" os altos níveis de extrema pobreza, da mortalidade infantil e a subnutrição que persistem em Timor-Leste, admitindo que o país tem ainda um grande caminho a percorrer, tendo apontado a autossuficiência alimentar como um dos desafios do atual executivo.
Carolina Cerqueira, presidente do parlamento angolano, agradeceu, por sua vez, as palavras "sinceras e com muita alma" que José Ramos-Horta exteriorizou sobre Angola.
DYAS // ANP
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